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Mendes diz achar "esquisito" montante de dinheiro arrecadado por petistas; PT rebate

Do UOL, em Brasília

04/02/2014 15h00Atualizada em 04/02/2014 21h41

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira (4) que acha “esquisito” os petistas condenados no mensalão conseguirem arrecadar em poucos dias tanto dinheiro para pagar suas multas e questiona se não seria lavagem de dinheiro.

“Eu acho que está tudo muito esquisito. Se a gente aprende a ler sinais vai ver que está muito esquisito. Coleta de dinheiro, com grandes facilidades”, afirmou Mendes sobre as campanhas na internet realizadas para receber doações destinadas para pagar as multas do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.

“Agora, dado positivo, essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar”, disse.

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares arrecadou mais de R$ 1 milhão, e o ex-deputado José Genoino (PT-SP) conseguiu arrecadar mais de R$ 700 mil.

Cronologia do mensalão

  • Nelson Jr/STF

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Multado em R$ 466,8 mil, Delúbio conseguiu arrecadar mais de R$ 1 milhão em campanha promovida por companheiros de partido pela internet. O excedente será usado para ajudar o ex-ministro José Dirceu a pagar a multa de R$ 960 mil estipulada pelo Supremo.

O valor da multa imposta a Genoino era de R$ 667,5 mil.

Para ele, a arrecadação de vultosas quantias em tão pouco tempo é “incomum” e haveria “elementos para uma investigação” por parte do Ministério Público.

“[E] Se for um fenômeno de lavagem? De dinheiro mesmo de corrupção? Quer dizer, as pessoas são condenadas por corrupção e estão agora festejando coleta de dinheiro. É algo estranho. O Ministério Público tem que olhar isso. Isso [a arrecadação] mostra também bem o risco desse chamado modelo de doação individual. Imaginem com organizações sindicais, associações, distribuindo dinheiro por CPF.”

O ministro ponderou ainda que é normal um condenado criticar a sua condenação, mas que “desconfia” quando isso é feito por outros setores.

“Que um eventual condenado tente descaracterizar a legitimidade da condenação é compreensível. Agora daí, outros setores, a gente tem que ficar desconfiado. Então, se a gente olha coleta de dinheiro, esse tipo de manifestação, serviço num hotel que pertence a alguém no Panamá por R$ 20 mil, se a gente soma tudo isso há algo mais no ar do que avião de carreira. Está estranhíssimo”, afirmou.

Petistas rebatem

Em ato em apoio ao deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), preso no início da noite em Brasília, parlamentares petistas rebateram as suspeitas levantadas pelo ministro.

O deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ) afirmou que Mendes agia como "líder da oposição pequena".

Por sua vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que disse ter contribuído pessoalmente para as campanhas de arrecadação promovidas em favor dos colegas petistas, desafiou o ministro a mostrar na lei onde doar dinheiro seria proibido.

"Desafio o ministro Gilmar Mendes a mostrar onde está proibido isso [arrecadar dinheiro]. Acho que ele não conhece a lei", afirmou. Eles foram alguns dos parlamentares presentes a um ato político realizado por militantes do PT acampados no estacionamento em frente ao STF.