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Vereador de BH é investigado por suspeita de assédio sexual

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

10/03/2014 15h41

O vereador de Belo Horizonte Alexandre Gomes (PSB) é alvo de inquérito do MPE (Ministério Público Estadual) que investiga se o parlamentar usou o cargo para assediar sexualmente mulheres com a promessa de empregos na administração pública.

De acordo com o promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, o inquérito aberto pelo órgão está na fase de coleta de provas, que podem resultar em uma ação civil pública contra o político por improbidade administrativa.

Nepomuceno cita que Gomes teria usado sua página no Facebook para conversar com supostas pretendentes a cargos em empresas terceirizadas que prestam serviços a órgãos públicos municipais.

Em setembro do ano passado, o vereador tinha sido alvo de uma ação civil pública movida pelo MPE, nos mesmos moldes do inquérito atual, envolvendo uma mulher para quem o político teria conseguido trabalho na Regional Noroeste (uma espécie de subprefeitura) e ainda complementaria os vencimentos mensais dela com R$ 600.

No entanto, a 5ª  Vara da Fazenda Municipal não acatou a denúncia ao alegar a ausência de provas do uso de dinheiro público. O MPE recorreu da decisão.

“Após a repercussão desse caso, nós recebemos outras denúncias dizendo que, na verdade, não seria apenas uma mulher, mas várias mulheres”, afirmou o promotor, que disse acreditar serem ao menos duas dezenas.

“As conversas, pelo menos as que a gente tem como elementos, são conversas pelo Facebook nas quais fica nítido o uso do cargo de vereador para prometer empregos e vantagens à pessoa. Em contrapartida, havia uma situação de assédio. Não havia cobranças de favores sexuais. A coisa surgia quase que como uma evolução da conversa. Ele não pedia isso como troca, mas ficava implícito”, explicou Nepomuceno.

Os diálogos, segundo o representante do MP, travados entre os anos de 2010 e 2011, e as conversas foram copiadas em papelo. O órgão quer checar se, de fato, as mulheres foram empregadas por meio de terceirização nas entidades públicas.

“Estamos produzindo provas, ouvindo as pessoas e requisitando documentos, mas a tendência é a mesma da (ação civil pública) anterior”, afirmou.

Outro lado

O vereador Alexandre Gomes disse ao UOL que somente vai se posicionar sobre o caso após reunião que fará com seu advogado.

No entanto, ele adiantou que sua página no Facebook havia sido hackeada no episódio que culminou com a ação civil pública do MP contra ele no ano passado.

“Alguém está hackeando essas coisas. Então eu vou ver quais são as medidas cabíveis, inclusive a questão de se tornar pública uma coisa que é sigilosa”, disse Gomes, referindo-se ao vazamento para a imprensa dos diálogos.

Ele disse já ter se reunido com o promotor Eduardo Nepomuceno e explicado a ele a invasão de sua página nas redes sociais.

Segundo a sua página mantida no site da Câmara, Gomes é medico e foi eleito pela primeira vez para o cargo em 1992. Ele é casado e tem três filhos.