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Pivô de crise na Petrobras, ex-diretor depõe em comissão da Câmara

Ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró - Leo Pinheiro - 4.dez.2003/ Valor
Ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró Imagem: Leo Pinheiro - 4.dez.2003/ Valor

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

16/04/2014 06h00

Um dos pivôs da crise da Petrobras, o ex-diretor internacional da estatal Nestor Cerveró é esperado nesta quarta-feira (16) na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre a aquisição da refinaria em Pasadena, nos EUA.

Ele será ouvido a partir das 11h na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. O UOL irá transmitir a sessão ao vivo.

Ontem, em depoimento no Senado, a presidente da empresa, Graça Foster, admitiu que a compra não foi um bom negócio, mas defendeu a atitude da presidente Dilma Rousseff, que à época, em 2006, era ministra-chefe da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobras, de dar seu aval à transação.

Também nesta terça, o Congresso abriu duas CPIs para apurar o caso da Petrobras. No entanto, a definição sobre foco das comissões --só a Petrobras ou o Porto de Suape e o cartel do Metrô de São Paulo-- ficará a cargo do STF (Supremo Tribunal Federal).

Por suspeita de ter representado um prejuízo milionário, a aquisição da unidade pela Petrobras tem sido alvo de investigações em diferentes órgãos, como o Ministério Público e a Polícia Federal.

Cerveró participou da negociação da refinaria de Pasadena e foi apontado como o autor do resumo executivo que balizou a aprovação pelo conselho da estatal.

A Petrobras comprou 50% da unidade por US$ 360 milhões. Em 2005, porém, um ano antes de a estatal fazer o negócio, a empresa de origem belga Astra Oil havia adquirido a refinaria inteira por US$ 42,5 milhões.

Ao justificar seu voto pela compra da refinaria, Dilma disse que se baseou em um resumo “incompleto" e técnica e juridicamente "falho", elaborado por Cerveró. Afirmou ainda que, se soubesse de todas as cláusulas, que acabaram obrigando a Petrobras a comprar a outra parte da unidade, não teria aprovado a transação.

Apesar disso, Cerveró, em vez de ter sido exonerado, virou diretor financeiro da BR Distribuidora e só foi mandado embora no último dia 21 de março, após a repercussão negativa do caso.

No Congresso, o escândalo motivou a mobilização da oposição para tentar instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias.

Embora quatro pedidos já tenham sido apresentados (dois para criar comissões exclusivas no Senado e dois de comissões mistas, formada por deputados e senadores), nenhuma ainda foi instalada.