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CPI mista aprova convocação de Youssef e ex-diretores da Petrobras

Doleiro Alberto Yousssef, na CPI do Banestado, em 2003 - Sérgio Lima/Folhapress
Doleiro Alberto Yousssef, na CPI do Banestado, em 2003 Imagem: Sérgio Lima/Folhapress

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

03/06/2014 15h36Atualizada em 05/06/2014 12h12

Dos mais de 600 requerimentos apresentados, deputados e senadores da CPI mista da Petrobras aprovaram nesta terça-feira (3) cerca de 230 em bloco, incluindo diversas convocações, como a do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que ainda não falaram em público. Com a convocação, eles serão obrigados a comparecer à sessão da CPI.

Ambos são investigados pela Polícia Federal na operação Lava Jato, que apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Eles foram presos em março, mas apenas Youssef continua na cadeia e precisará de autorização da Justiça para ir ao Congresso.

Também foram convocados para depor a presidente da estatal, Graça Foster, e o ex-presidente Sérgio Gabrielli, que  já foram ouvidos pela CPI exclusiva do Senado e em audiências na Câmara sobre a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos EUA, e apresentaram opiniões divergentes. O negócio é investigado por ter representado um prejuízo milionário ao Brasil. 

Os parlamentares, no entanto, aceitaram o plano de trabalho do relator, deputado Marco Maia (PT-RS), que prevê marcar os depoimentos dos dois somente depois que tiverem sido ouvidos Youssef, Paulo Roberto e Nestor Cerveró, diretor da área internacional da estatal à época da compra de Pasadena.

Foi aprovado pedido cópia das quebras de sigilo que constam da operação Lava Jato. O relator, aliado do Planalto, propôs esperar o envio dessas informações, para só depois, se faltar algo, incluir na pauta requerimentos pedindo quebra de sigilo.

A oposição defende que os depoimentos só sejam colhidos após o envio desses documentos para terem dados para questionarem os depoentes.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse, porém, não ver manobra da base aliada na condução dos trabalhos. "O relator se comprometeu a colocar na pauta pedido de quebras de sigilos que foram solicitadas pela oposição [e que estiverem faltando]. (...) Estou vendo muito boa vontade do relator. E, de forma alguma, embora seja da oposição, não estou vendo nenhum direcionamento."

Os depoimentos ainda não têm data definida. A pauta de convocação será decidida pelo presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB), após consultar o relator. A sugestão de Marco Maia é chamar Costa para depor primeiro.

A próxima sessão ainda não foi marcada, mas é provável que seja só na semana que vem, já ouvindo alguém. "Vamos analisar todas as aprovações que tivemos hoje para, a partir disso, ver quem serão os primeiros convocados e fazer a emissão das convocatórias. A data [da próxima sessão] vai depender deste prazo", disse o relator.

Questionado se dará tempo de ouvir alguém antes do início da Copa do Mundo, Maia foi categórico: "Com certeza, a Copa só inicia na próxima quinta e vamos também trabalhar também durante a Copa do Mundo, vai ter sessão todas as semanas".

Os parlamentares também concordaram com plano de trabalho proposto pelo relator de dividir em quatro eixos a investigação: 1) a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA; 2) o indício de pagamento de propina a funcionário da estatal pela holandesa SBM Offshore; 3) a segurança nas plataformas; e 4) indício de superfaturamento na construção da refinaria de Abreu e Lima (Pernambuco).