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Promotora vai intimar prefeitura do Rio por documentos de convênio com ONG

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

29/07/2014 22h18

Após enviar três ofícios solicitando à Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura do Rio de Janeiro documentos de convênios entre a pasta e a ONG Casa Espírita Tesloo, alvos de suspeitas de irregularidades, e não obter nenhuma resposta, a promotora de Justiça Gláucia Santana, da 5ª Promotoria de Tutela Coletiva da Cidadania do MP-RJ (Ministério Público do Rio) decidiu intimar o atual titular da pasta e vice-prefeito da capital fluminense, Adílson Pires (PT) a comparecer pessoalmente ao MP-RJ para apresentar os contratos.

A promotora investiga os convênios entre a ONG e a prefeitura desde 2012.

Em reportagens publicadas pelas revistas “Época” e “Veja” na última semana, a Tesloo é apontada como integrante de um esquema de corrupção que beneficiaria o ex-secretário municipal e deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), que já era alvo da investigação do MP-RJ. Ele também será convocado a prestar esclarecimentos.

Betlhem, que foi titular da então Secretaria Municipal de Assistência Social, cujo nome foi modificado, foi flagrado em gravações de áudio e vídeo feitas por sua ex-mulher, a empresária Vanessa Felippe, admitindo receber propina por conta de um dos contratos da pasta e ter uma conta na Suíça.

“Desde 2012 tenho um inquérito aberto para investigar um contrato de 2009, prorrogado três vezes até 2012, da ONG Tesloo com a prefeitura,  para tratamento de jovens dependentes químicos. Em janeiro deste ano veio a informação de que havia outros contratos e eu enviei ofícios ao atual secretário. Ele omitiu-se a responder”, afirmou a promotora Gláucia.

A promotora afirmou que, durante as investigações, constatou que o convênio com a ONG Tesloo aumentou na gestão de Rodrigo Bethlem, com o valor do contrato subindo de R$ 1,8 milhão para R$ 7,5 milhões. Segundo ela, o cronograma de reembolso da prefeitura passou de trimestral para mensal.

Em nota enviada na noite desta terça-feira (29) ao UOL, a prefeitura informou “que está sempre à disposição para colaborar com o Ministério Público e vai prestar todos os esclarecimentos solicitados”.

Na última sexta-feira (25), dia da divulgação das primeiras denúncias contra Bethlem, o deputado divulgou em sua página em uma rede social uma nota em que chamou as acusações de “infundadas”, afirmando que sua ex-mulher havia alegado “tê-las feito num momento de grave confusão mental”.

O ex-secretário municipal publicou uma imagem de documentos médicos referentes ao estado da saúde mental de Vanessa, que, segundo ele, teria tentado o suicídio “nos últimos dias”.