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Militar estava no DOI-Codi durante morte de Rubens Paiva, diz Comissão da Verdade

O ex-deputado Rubens Paiva foi cassado logo após o golpe de 1964 e foi visto pela última vez ao ser preso em janeiro de 1971 no Rio de Janeiro - Arquivo Pessoal
O ex-deputado Rubens Paiva foi cassado logo após o golpe de 1964 e foi visto pela última vez ao ser preso em janeiro de 1971 no Rio de Janeiro Imagem: Arquivo Pessoal

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

09/09/2014 13h14

Documento obtido pela Comissão Nacional da Verdade mostra que o militar Antonio Nogueira Belham, que comandava o DOI-Codi do Rio quando o ex-deputado Rubens Paiva foi morto sob tortura, recebeu diárias para trabalhar mesmo estando em férias nos dias em que o parlamentar foi preso e morto. O militar sempre negou que estivesse ali naquele momento. O DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) era o principal órgão de repressão do governo na época da ditadura.

Belham depôs pela segunda vez  à comissão nesta terça-feira (9) e negou novamente que estivesse no DOI-Codi na ocasião. Questionado sobre o documento que comprova que ele recebeu diárias para trabalhar durante a prisão de Paiva, o militar não soube explicar o motivo.

O documento mostra que Belham que recebeu pagamento de diária do dia 20 de janeiro de 1971. Rubens Paiva foi preso nesse dia e foi morto no dia seguinte.
Outro documento que mostra que Belham estava no Doi-Codi no momento da prisão é um levantamento oficial dos pertences de Rubens Paiva ao ser preso. No documento há uma anotação de que Belham retirou dois cadernos do ex-deputado. Para o coordenador da comissão, Pedro Dallari, isto é mais uma evidência de que o militar estava no órgão naquele momento.

“Temos convicção de que o general Belham estava presente quando Rubens Paiva esteve preso. O que não quer dizer que ele participou de torturas, nós não temos informações sobre isso”, declarou Dallari.

Para a comissão, o militar não conseguiu refutar de maneira consistente que não estava lá. O militar se recusou a responder as perguntas dos membros da comissão durante o resto do depoimento.

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