Topo

Nova fase da Lava Jato investiga 11 operadores em diretoria da Petrobras

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

05/02/2015 11h49Atualizada em 05/02/2015 16h12

A Polícia Federal informou nesta quinta-feira (5) que a nova fase da operação Lava Jato investiga onze operadores que intermediavam um esquema de corrupção na diretoria de Serviços da Petrobras.

Segundo testemunhas ouvidas pelo Ministério Público e pela PF, mais 24 empresas de fachada emitiam notas, mas os serviços não eram prestados e o dinheiro era destinado a pagamento de propina a funcionários da estatal.

O sistema era semelhante ao operado pelo doleiro Alberto Youssef, mas com valores menores. “Operador tão poderoso como o Youssef são poucos, mas são muitas pessoas que têm acesso a agentes públicos da Petrobras. Eu creio que a característica e pulverização de contratos da diretoria de Serviços contribuiu para realização do esquema de notas frias. Mas esta ainda é uma fase de coleta de provas, a acusação só ocorrerá no momento da denúncia”, disse Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador-regional da República em São Paulo.

O Ministério Público Federal afirmou que tem indícios de pagamento de propina também envolvendo a BR Distribuidora.

Um dos principais alvos na nova operação é uma grande companhia de tanques de combustível de Santa Catarina chamada Arxo, segundo Lima.

A Arxo tem uma operação legal, mas é suspeita de pagar propinas a membros da Petrobras. O nome da empresa foi o único confirmado pelo Ministério Público até agora. A expectativa é que o juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato, retire o sigilo dos mandados até o final do dia de hoje.
As empresas têm sede nos Estados em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Rio de Janeiro.

Outra companhia armazenava documentos de outras empresas e ali estão sendo coletadas possíveis provas do esquema, mas, segundo a PF, ela não está sendo investigada.

Também foi conduzido até a sede da Superintendência da PF em São Paulo o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. A PF informou também realizou busca e apreensão na casa de Vaccari. Após prestar depoimento, ele será liberado. Não foi confirmado pelos investigadores se Vaccari seria um dos 11 operadores.

Os agentes da PF estão cumprindo um mandado de prisão preventiva, no Rio; três de temporária, em Santa Catarina; 18 conduções coercitivas (incluindo a de Vaccari) e 40 de busca e apreensão. São 62 mandados no total.

Entre os mandados de prisão temporária, dois foram cumpridos em Santa Catarina. Os presos serão encaminhados para a Superintendência da PF em Curitiba até o final do dia de hoje. Um mandado de prisão temporária não foi cumprido porque a pessoa procurada está no exterior, mas sua passagem de volta está marcada para ocorrer nesta tarde.

Segundo a PF, por este motivo a pessoa ainda não é considerada foragida. A prisão preventiva ainda não foi cumprida porque a pessoa ainda não foi localizada. Os nomes dos procurados nos mandados não foram revelados.

A nova fase foi batizada de "My Way", pois utiliza depoimentos de colaboradores e do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que trabalhou com o ex-diretor de Serviços Renato Duque. Barusco se referia ao então chefe como "My Way", título de uma canção de Frank Sinatra.

Em nota oficial, o PT negou receber doações ilegais. "As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras feitas em processos de 'delação premiada' e que têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT."