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Advogados citam "holocausto" e pedem que réus da Lava Jato continuem na PF

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

24/02/2015 21h30

Executivos de empreiteiras acusados de participar do esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras comunicaram ao juiz federal Sérgio Moro, nesta terça-feira (24), que preferem continuar na carceragem da Polícia Federal em Curitiba a serem transferidos para presídios estaduais.

Moro conduz os processos da Lava Jato na primeira instância. Para justificar a permanência na sede da PF em Curitiba, advogados de executivos da OAS dizem que o sistema prisional brasileiro vive um “holocausto”. Atualmente, a operação Lava Jato tem 14 presos.

Nesta terça-feira (24), advogados dos executivos Dalton Avancini, João Ricardo Auler e Eduardo Hermelino Leite (da Camargo Correa) Erton Medeiros Fonseca (da Galvão Engenharia), Agenor Franklin Magalhães Medeiros, José Aldemário Pinheiro Filho, José Ricardo Nogueira Breghirolli e Mateus Coutinho de Sá Oliveira (OAS), comunicaram a Justiça Federal que os réus não têm interesse em serem transferidos para presídios estaduais.

Os demais presos têm até a próxima quarta-feira (25) para se manifestarem sobre o assunto.

Os advogados dos executivos da OAS citaram relatórios de entidades de defesa dos Direitos Humanos como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a Human Rights Watch para criticar as condições dos presídios brasileiros e disseram que o sistema prisional vive um “holocausto”.

“As condições oferecidas pela Polícia Federal (...) são dignas diante do holocausto que se vivencia no sistema carcerário brasileiro”, disseram os advogados de quatro executivos da OAS em uma petição divulgada nesta terça-feira (24). 

A manifestação dos advogados dos executivos aconteceu um dia depois de o juiz federal Sérgio Moro ter consultado os advogados dos presos sobre o desejo de deixar a carceragem da PF e irem a presídios estaduais.

No último domingo (22), reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicou reclamações de ex-presos da operação Lava Jato em relação às condições da carceragem. Entre as reclamações está o fato de alguns presos terem de comer usando as mãos em vez de talheres.

Os executivos que preferem ficar na carceragem da PF foram presos em novembro de 2014 durante a sétima fase da operação Lava Jato. A operação investiga o desvio de pelo menos R$ 10 bilhões em contratos superfaturados de empreiteiras junto à Petrobras.

Os principais delatores do esquema, o doleiro Alberto Youssef, e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmam que parte do dinheiro desviado era repassado para políticos e partidos.

Espera-se para o final desta semana o envio, pela PGR (Procuradoria Geral da República) dos pedidos de abertura de inquérito contra políticos com foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal).