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Cardozo nega que governo tenha influenciado em lista da PGR

Leandro Prazeres

De Brasília

05/03/2015 18h26

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou, nesta quinta-feira (5), que o governo tenha exercido influência para incluir ou retirar nomes da lista de pessoas supostamente envolvidas no esquema investigado pela operação Lava Jato que a PGR (Procuradoria Geral da República) enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) na última terça-feira (3).

“Se no passado, governos agiam dessa maneira, faziam pressões ou utilizavam expedientes que fugiam à legalidade para afastar investigados ou incluí-los, não nos meçam por réguas antigas”, disse Cardozo em entrevista coletiva.

Na última terça-feira (3), a PGR (Procuradoria Geral da República) enviou ao STF 28 pedidos de abertura de inquérito contra 54 pessoas supostamente envolvidas no esquema da Lava Jato. Parte dessas pessoas são políticos com foro privilegiado. 

Os nomes das pessoas a serem investigadas no STF ainda não foram divulgados. O ministro relator do caso, Teori Zavascki, disse que deverá tirar o sigilo dos inquéritos nesta sexta-feira (6). 

Sem citar nomes, Cardozo criticou parlamentares da oposição que, segundo ele, estariam utilizando o caso de forma política.

“[Trago] Repúdio claro, manifestação que vêm sendo feitas por parlamentares da oposição de que autoridades do governo tenham agido no sentido de incluir ou retirar nomes da lista apresentada pela PGR no bojo das investigações da operação Lava Jato”, afirmou o ministro.

“É inaceitável que se pretenda utilizar uma retórica política para que fatos que foram narrados em procedimentos de delação premiada sejam mascarados e pessoas tentem se esconder”, disse Cardozo.

Nesta quinta-feira (5), o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem segundo a qual a PGR havia recomendado o arquivamento de investigações contra a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), e o senador Aécio Neves (PSDB), que teriam sido citados em depoimentos colhidos ao longo da operação Lava Jato.

A declaração de Cardozo acontece duas semanas depois de ele se ver envolvido em polêmica em torno de encontros que ele manteve com advogados de empreiteiras envolvidas no caso.

Integrantes da oposição afirmaram que Cardozo estaria intervindo em favor dos executivos presos. Cardozo negou ter influenciado as investigações e a Comissão de Ética da Presidência pediu explicações ao ministro sobre os encontros.

No último dia 26 de fevereiro, Cardozo se encontrou com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, às vésperas de a PGR encaminhar os pedidos de abertura de inquérito ao STF.

A operação Lava Jato foi incialmente deflagrada em março de 2014 e investiga desvios de recursos públicos da Petrobras por meio de contratos superfaturados. Segundo estimativas da Polícia Federal, pelo menos R$ 10 bilhões teriam sido desviados. Parte do dinheiro do esquema, segundo as investigações, seria repassada a políticos e partidos.