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Na CPI, Duque nega que sua mulher tenha se encontrado com Lula

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

19/03/2015 13h03Atualizada em 19/03/2015 15h56

O ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque negou nesta quinta-feira (19) que sua mulher tenha se encontrado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

A declaração foi dada na audiência pública da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga irregularidades na estatal.

Segundo a reportagem da revista “Veja”, a mulher de Duque “entrou em desespero” com a prisão do marido em novembro de 2014 e procurou Okamotto, que “prometeu resolver depressa a situação”. Ainda segundo a revista, Lula também teria se encontrado com a mulher de Duque e teria procurado o ministro Teori Zavascki, relator das ações sobre a operação Lava Jato do STF, para tratar da prisão do ex-diretor.

"Minha esposa nunca esteve com o presidente Lula ou com o senhor Okamotto. Não conhece, nunca conheceu", afirmou Duque. "Estou respondendo a essa pergunta, contrariando a orientação dos meus advogados, [porque] estou vendo o deputado Onyx [Lorenzoni (DEM-RS)] falando que tem que colocar minha esposa aqui. Eu estou entendendo [isso] como uma ameaça", disse.

“CPI não ameaça, convoca. O senhor era o queridinho do PT”, afirmou Onyx Lorenzoni.

Duque foi convocado pela CPI e foi obrigado a comparecer, mas optou por permanecer em silêncio durante o depoimento, falando apenas nesse momento.

O ex-diretor disse ainda que não conhece o doleiro Alberto Youssef, que é considerado um dos principais operadores do esquema de corrupção.
Duque também negou que ele ou sua mulher tenham parentesco com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, que é apontado como padrinho político de Duque na Petrobras.

As suspeitas

Duque é apontado por delatores como um dos protagonistas do esquema de corrupção na estatal. O ex-diretor é suspeito de cobrar propina de 2% a 3% dos contratos da estatal que seriam destinados ao PT.

O ex-gerente de Serviços Pedro Barusco, que era subordinado a Duque, afirmou em depoimento à CPI na terça-feira (10) que o ex-diretor tratava com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para o pagamento das propinas. Vaccari e Duque negam todas as acusações.

O ex-diretor foi preso na última segunda-feira (16) após a deflagração da décima fase da Operação Lava Jato. No mesmo dia, ele foi denunciado pela Procuradoria por lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. Duque já tinha sido preso em novembro passado, mas foi solto por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) com a condição de não deixar o país.

Durante a prisão de Duque, a Polícia Federal apreendeu 131 obras de arte. Elas foram encaminhadas ao museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

Segundo o Ministério Público, o ex-diretor "esvaziou" algumas contas em seu nome que existiam na Suíça e enviou 20 milhões de euros para contas no principado de Mônaco. O dinheiro não havia sido declarado à Receita Federal e foi bloqueado. Isso teria motivado o novo mandado de prisão contra ele.