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Não espero que concordem com tudo o que o governo faz, diz Dilma ao MST

Do UOL, em São Paulo

20/03/2015 14h31

Diante de uma plateia formada por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no Rio Grande do Sul, a presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu nesta sexta-feira (20) as medidas de ajuste fiscal levadas pelo governo ao Congresso e afirmou que não espera que os sem-terra concordem com elas.

"Estamos num estado de democracia. Não estou pedindo para concordarem com tudo o que o governo faz. Queremos diálogo, muito diálogo, sugestões, que digam tudo o que está dando certo e tudo o que não está dando certo”, afirmou Dilma durante discurso em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre.

A presidente participou da cerimônia de inauguração da unidade de secagem e armazenagem de grãos da Cootap (Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre). Ela também visitou outro assentamento, onde acompanhou a abertura simbólica da Colheita do Arroz Ecológico.

Antes de Dilma, o líder do MST, João Pedro Stédile, também discursou e cobrou diálogo do governo com os movimentos sociais. Ele criticou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e defendeu mudanças no pacote fiscal. “Nenhum ministro aqui no Brasil deve se sentir superior ao povo”, disse Stédile. Os ministros têm de ser humildes, prosseguiu, e escutar as propostas das organizações sociais.

Stédile defendeu a taxação de fortunas e a volta da cobrança da CPMF para quem tem mais de R$ 100 mil em conta bancária. “Quem tem que pagar a conta [da crise] são os ricos, são os milionários”, afirmou.

Em entrevista concedida após a cerimônia, a presidente Dilma disse respeitar, mas não concordar com a manifestação de Stédile e afirmou que o governo não pode atender somente as reivindicações dos movimentos sociais. “O que o Stédile faz é sugestões. Ele tem a concepção dele, eu tenho a minha. O governo olha para o país e vê vários setores”, declarou a petista.

“Somos um país equilíbrio no fundamento, no cerne, no coração. O nosso desequilíbrio é momentâneo. Aprovando o reajuste, saímos disso [da crise econômica] no curto prazo”, havia afirmado Dilma no discurso. O ajuste, disse a presidente, não acaba com programas de interesse dos sem-terra, como o Minha Casa, Minha Vida rural. 

Apesar das divergências a respeito das medidas econômicas, Stédile e o MST aproveitaram a presença de Dilma para demonstrar apoio à presidente, que foi aplaudida. O líder dos sem-terra criticou os protestos realizados no último domingo (15), defendeu a reforma política e cobrou a investigação da lista de clientes do banco HSBC com contas na Suíça. Stédile chegou a dizer que Dilma é “quase uma santa” e pediu apoio a ela nas ruas. Também falou para que Dilma "não se assuste" e para que ela "chame o povo para apoiar [medidas como a redução dos juros]".

No último dia 13, entidades como o MST e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) realizaram manifestações em defesa da Petrobras. Stédile disse que novos atos em defesa do governo serão realizados no país no dia 7 de abril.