Topo

Graça Foster diz que corrupção se formou "fora da Petrobras"

A ex-presidente da Petrobras Graça Foster depõe na CPI da Petrobras - Pedro Ladeira/Folhapress
A ex-presidente da Petrobras Graça Foster depõe na CPI da Petrobras Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

26/03/2015 13h56Atualizada em 26/03/2015 16h29

Ao responder uma pergunta induzida pelo relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), a ex-presidente da estatal Graça Foster disse que nesta quinta-feira (26) que a corrupção se formou fora da estatal.

"Se evidencia também para a vossa senhoria de que o esquema de corrupção se formou numa relação fora da empresa Petrobras?", questionou o petista. "O esquema de corrupção se formou fora da Petrobras", respondeu Graça. O ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli também defendeu essa tese em depoimento à CPI na semana passada.

A executiva disse que foi a presidente Dilma Rousseff que a indicou para a diretoria da Petrobras e, posteriormente, à presidência da empresa. Ela também afirmou não saber quem indicou Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa e Renato Duque para seus respectivos cargos na direção da estatal. Graça disse que nunca viu o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado pela Procuradoria como operador do esquema de pagamento de propina.

Graça afirmou que seu salário como presidente da Petrobras era R$ 100 mil. E que seu de aposentada é R$ 10 mil.

"Não considero essa corrupção de forma sistêmica dentro da companhia, uma vez que de fato eu não sabia até a hora da operação Lava Jato", afirmou Graça. A ex-presidente também disse que operação Lava Jato fez um "bem" para a Petrobras.

Graça reafirmou que a Petrobras não identificou internamente as irregularidades constatadas pela operação Lava Jato. E se disse "envergonhada" com a descoberta do esquema de corrupção da estatal.

"O descobridor foi a Polícia Federal, foi o Ministério Público Federal, que descobriram [o esquema], a ser confirmado o cartel e tudo posto na mídia. O grande descobridor foi a Polícia Federal", afirmou Graça.

A ex-presidente também comentou a declaração do ex-gerente Pedro Barusco que disse, em delação premiada, que começou a receber propina entre 1997 e 1998, época da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tenha ocorrido de maneira "isolada" sem participações de outras pessoas. "Eu não consigo imaginar como pode ser verdadeira a fala do Barusco de que ele sozinho recebia propina. Eu não consigo entender isso de forma alguma", afirmou. "Quando a gente vê o Barusco falando de si a gente pensa que está em outro planeta, porque nunca ia imaginar [que ele recebia propina]",completou.

"Eu posso garantir, como diretora de Gás e Energia e como presidente da Petrobras, eu jamais soube de um resultado, quem seria o vencedor, até a hora em que os envelopes são abertos. Eu nunca soube de resultados antes da hora”, afirmou ao responder uma pergunta sobre possíveis vazamentos de preços antecipados de contratos licitados pela petrolífera.

Esta é a quinta vez que Graça é ouvida no Congresso Nacional para dar explicações sobre as suspeitas de irregularidades na Petrobras. O líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), falou que Graça é a pessoa mais "rodada" em CPIs sobre a Petrobras. Mas é o primeiro depoimento dela fora da presidência da estatal, pois Graça deixou o comando da empresa em fevereiro.