Juiz da Lava Jato diz ver manifestações contra corrupção "com muita alegria"
O juiz federal do caso Lava Jato, Sérgio Moro, diz ser favorável às manifestações realizadas no Brasil nas últimas semanas e previstas para ocorrer no próximo dia 12 de abril. “Ver as manifestações populares, o povo na rua, acho que é sempre positivo”, disse o magistrado durante evento realizado pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) nesta terça-feira (7) em Brasília. Moro também criticou a lentidão da Justiça brasileira, não respondeu às perguntas sobre a operação Lava Jato e também não opinou sobre a polêmica em torno da redução da maioridade penal.
Moro participou do lançamento de três projetos de lei que a Ajufe pretende enviar ao Congresso Nacional para facilitar o sequestro de bens de pessoas beneficiadas por atividade criminosa e possibilitar que condenados em primeira instância por crimes graves continuem na prisão durante o recurso na segunda instância.
Questionado sobre o momento político vivido pelo Brasil, Moro disse ver com “muita alegria” as manifestações de rua pedindo o fim da corrupção. “Pode-se eventualmente discordar das reivindicações, de algumas pautas específicas, mas vejo com muita alegria (...), como juiz criminal, essa bandeira mais genérica contra a corrupção. Dentro de uma democracia, ninguém é favorável à corrupção”, afirmou Moro.
O magistrado foi questionado pelo menos quatro vezes sobre detalhes referentes ao caso Lava Jato, que apura irregularidades cometidas por um suposto cartel de empreiteiras que superfaturava contratos junto à Petrobras e distribuía propinas a políticos e partidos. Em todas as ocasiões, Moro disse não poder se manifestar sobre o assunto.
Questionado sobre a redução da maioridade penal, Moro também evitou polêmicas. “Ainda não tenho uma opinião formada sobre este assunto”, disse.
Moro criticou também a lentidão do sistema judicial brasileiro e defendeu as medidas propostas pela Ajufe.
“Essa morosidade gera impunidade. E há direitos das vítimas a serem levados em consideração. O que nosso projeto visa alterar são as regras do sistema recursal”, afirmou.
Uma das principais propostas feitas pela Ajufe é a prisão de condenados em primeira instância por crimes hediondos como tráfico de drogas e tortura. Atualmente, condenados em primeira instância, na maioria dos casos, podem recorrer da sentença em liberdade. Moro diz que a medida não fere a presunção de inocência.
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