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Para 64% dos manifestantes da Paulista, PT quer comunismo no país, diz pesquisa

Do UOL, em São Paulo

14/04/2015 17h50

Um levantamento feito por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da USP (Universidade de São Paulo) mostra que a maioria dos participantes do protesto do último domingo (12) na avenida Paulista, na região central de São Paulo, acredita que o PT quer implantar o comunismo no Brasil.

Dos 571 entrevistados, 64,1% afirmaram concordar com a frase “O PT quer implantar um regime comunista no Brasil”. Os que não concordam somaram 30%. Os outros 6% disseram não saber ou não responderam. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais para mais ou para menos.

O programa de governo da presidente Dilma Rousseff (PT) não contempla o comunismo, sistema que prevê o estabelecimento da igualdade entre as pessoas e que surgiu como resposta ao capitalismo.

A manifestação contra Dilma foi convocada por movimentos como o Vem Pra Rua e o Brasil Livre. A Polícia Militar estimou em 275 mil o número de manifestantes; o Datafolha, em 100 mil.

A maioria dos entrevistados é crítica em relação ao programa Bolsa Família, bandeira das gestões petistas. A proporção dos que concordam com a frase “O Bolsa Família só financia preguiçoso” chega a 60,4%.

Para a maioria absoluta (85,3%), “os desvios na Petrobras são o maior caso de corrupção da história do Brasil”.

A pesquisa também mostrou que a desconfiança em relação aos partidos políticos não se restringe ao PT. Somente 11% afirmaram confiar muito no PSDB, principal partido de oposição. A parcela dos que confiam muito no PMDB não passa de 1,4%.

“A desconfiança não é só com o PT. A desconfiança é geral, com os partidos e com os políticos”, afirmou a cientista social Esther Solano, professora da Unifesp e responsável, junto com o filósofo Pablo Ortellado, da USP, pela coordenação da pesquisa.

A credibilidade dos políticos também era baixa entre os manifestantes. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi o mais bem cotado entre os citados no levantamento. Vinte e nove por cento disseram confiar muito nele, praticamente o mesmo índice dos que declararam não confiar (28%).

Entre os manifestantes, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) tem mais crédito a ex-senadora Marina Silva (PSB), candidata derrotada na eleição presidencial de 2014. A proporção dos que confiam muito em Bolsonaro é de 19,4%, contra 14,7% de Marina. A taxa do senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado no segundo turno da eleição, é de 22,6%.

Dois dos movimentos que organizaram o protesto contam com alto índice de confiança: 70,8% confiam muito no Vem Pra Rua; e 52,7%, no Brasil Livre. Para Esther Solano, este é mais um resultado que sinaliza a descrença em políticos e partidos. “As pessoas querem acreditar em alguma coisa e preferem acreditar nos movimentos novos, que ninguém conhece muito bem.”