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Repercussão midiática pode me prejudicar, diz empreiteiro da Engevix à CPI

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

21/05/2015 11h48Atualizada em 21/05/2015 13h40

O ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada declarou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras nesta quinta-feira (21) que tem intenção de colaborar com as investigações da operação da Lava Jato. Ele, no entanto, se recusou a responder às perguntas dos parlamentares alegando que a repercussão midiática de seu depoimento pode atrapalhar sua defesa.

“A eventual repercussão midiática pode prejudicar o exercício do contraditório e da ampla defesa que têm sido mitigados. Por isso vou utilizar o meu direito constitucional de ficar calado”, afirmou Almada. “Gostaria de consignar que reconheço o poder de investigação da CPI. Reitero minha real intenção de colaborar com esta investigação”, disse. A Engevix é uma das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobras.

Após a declaração, o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), liberou Almada da sala de audiência. A dispensa do empreiteiro causou protesto da maioria dos deputados presentes.

Para Ivan Valente (PSOL-SP), a iniciativa foi “ditatorial” e “monocrática”. Ele fez um apelo ao presidente da CPI para que, antes de dispensar o depoente, consulte o resto do grupo.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) disse que a dispensa de Almada gera um “grave precedente”.

“Sua conduta foi um desrespeito aos parlamentares que estão aqui”, declarou o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO).

Em resposta aos protestos dos colegas, Motta argumentou que a dispensa de Almada ocorreu para tornar o trabalho da CPI mais produtivo. Também disse que os deputados que mais criticaram sua conduta querem fazer "palanque político" diante da imprensa. 

O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), concordou com a decisão de Motta. "As pessoas querem ficar fazendo discurso, o local mais adequado para fazer discurso é o plenário da Câmara. A CPI precisa produzir", disse.

O executivo foi preso em novembro passado após a deflagração da sétima fase da operação Lava Jato, que prendeu empreiteiros por participarem de um cartel por pagarem propina para Petrobras. Ele foi liberado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em março para cumprir prisão domiciliar.

A Engevix é suspeita de integrar o cartel na estatal e também fez pagamentos à firma de Dirceu, no valor de R$ 1,1 milhão. A empreiteira e Dirceu negam que os recursos sejam propina.

Hoje, Almada entregou a cópia de seus depoimentos realizados na carceragem da Polícia Federal de Curitiba. Os documentos são sigilosos, apenas parlamentares têm acesso a seu conteúdo.

Próximas audiências

Também estava prevista para hoje a oitiva de Eduardo Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, mas seu advogado alegou compromissos, então a audiência com os deputados foi remarcada para a próxima terça-feira (26).

Serão ouvidos na próxima terça-feira, além de Leite, João Ricardo Auler (Camargo Corrêa) e José Aldemário Pinheiro Filho (OAS). Na quarta-feira (27), será a vez dos representantes do Grupo Schahin (Carlos Eduardo Schahin, Milton Toufic Schahin, Salin Toufic Schahin, Rubens Toufic Schahin e Pedro Schahin). No dia seguinte (28), estão previstas as oitivas de José Ricardo Nogueira Brechirolli (OAS), Mateus Coutinho de Sá Oliveira (Galvão Engenharia) e Erton Medeiros Fonseca (Galvão Engenharia).