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Ex-assessor denuncia suposto acordo envolvendo prefeito de Porto Alegre

Do UOL, em Porto Alegre

09/06/2015 16h30

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (sem partido), é o novo alvo das denúncias do ex-chefe de gabinete de um deputado estadual gaúcho que, no domingo (7), apontou que o parlamentar cometeu fraude e extorsão no uso do cargo.

Neuromar Gatto, ex-assessor de Diógenes Basegio (PDT) na AL-RS (Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul), garante que a nomeação da primeira-dama, Regina Becker, na Casa se deu por uma troca de favores. Em contrapartida, Fortunati teria nomeado duas indicações de Basegio na prefeitura. Os envolvidos negam irregularidades.

As primeiras denúncias contra Basegio vieram a público nesse fim de semana. Gatto gravou vídeos que comprovariam irregularidades no gabinete do parlamentar. Aliadas ao depoimento do ex-assessor, as imagens trazem suspeitas de extorsão de salários de funcionários do gabinete do pedetista na AL-RS e um esquema para aumentar o valor da indenização do uso de veículo particular a serviço de Basegio.

Nesta terça-feria (9), a RBS - afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul - publicou uma reportagem em que Gatto afirma que negociou com o prefeito de Porto Alegre, em 2011, um emprego à primeira-dama em uma comissão da AL-RS, presidida pelo deputado. Em troca, dois nomes indicados por Basegio foram nomeados na prefeitura. Entre eles está o de uma nora do parlamentar.

"Por telefone, foi pedido se a gente poderia dar esse espaço a ela Foi discutido com o deputado, e ele aceitou. Então, foi feita apenas uma transferência de lotação da primeira dama", explica Gatto. Segundo ele, os nomeados na prefeitura também faziam os repasses de parte dos salários ao parlamentar.

Basegio admitiu a negociação, mas negou qualquer ilegalidade: "Foi através do diálogo do Neuromar [Gatto] com a Regina. O Fortunati, chegando aqui, reforçou o nosso pedido".

Regina Becker, hoje deputada estadual eleita pelo PDT, alega não ter conhecimento sobre a troca. Ela diz que as questões de cargos dentro do partido são negociadas pela Executiva. Já o prefeito José Fortunati, que está licenciado da legenda, nega qualquer irregularidade.

"Não é a primeira vez que tentam desconstruir a minha trajetória política e da Regina. Enquanto secretária da Secretaria Especial dos Direitos Animais [SEDA], tentaram configurar o trabalho da Regina como nepotismo. O Tribunal de Justiça julgou e arquivou o processo, pois não havia nada errado", escreveu em seu blog. 

"As nomeações não guardam relação temporal. Quando Regina foi nomeada em novo cargo na AL, a pessoa citada na matéria já nem trabalhava mais na Prefeitura. Isso sem falar que a ex-servidora, no momento de sua admissão e até sua exoneração, não guardava relação de parentesco com qualquer autoridade", prossegue o prefeito. 

Nessa segunda-feira, a Executiva Estadual do PDT no RS determinou que Basegio deixe temporariamente a liderança da bancada na Assembleia gaúcha. O intuito é permitir que o parlamentar possa se defender mais livremente das denúncias.