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Se fosse candidato à Presidência, seria trucidado, diz Joaquim Barbosa

Do UOL, no Rio

16/06/2015 13h56

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa afirmou na manhã desta terça-feira (16), durante palestra em São Paulo, que não cogita se candidatar à Presidência da República nas eleições de 2018. Barbosa chegou a ser cogitado para disputar o pleito do ano passado. 

O jurista foi questionado pelo jornalista Ricardo Boechat, mediador da palestra, por que não ouvia "o clamor de boa parte da sociedade brasileira" e se candidatava. "Eu nunca pertenci a esse mundo da política. Eu nunca tive qualquer tipo de envolvimento, não saberia por onde começar", declarou Barbosa.

"Para dizer a verdade, acho que eu seria trucidado pelos eventuais concorrentes porque uma pessoa como eu, que fala o que pensa, que é livre por natureza, não se adapta a esse mundo. Se uniriam todos para me tirar do jogo. Eu sou muito realista. Então eu nem cogito. Isso aí está fora de cogitação", afirmou Barbosa.

Depois de fazer a pergunta, bastante aplaudida, Boechat brincou dizendo que seria crucificado se não a tivesse feito, "como estão crucificando o Jô Soares por ter feito algumas à [presidente] Dilma [Rousseff". "É uma pergunta inevitável", comentou o jornalista.

Barbosa também disse que as dores coluna, problema crônico de saúde, estão "um pouquinho melhor". "Eu consegui nesses últimos meses melhorar um pouco, ter um alívio maior. Hoje estou longe daquela rotina massacrante, tenho mais tempo para me dedicar a tratamento e a repouso. A qualidade de vida melhorou um pouco, mas não posso exagerar", declarou.

Durante a palestra, o magistrado afirmou ainda que "autoridades de alto nível do governo deveriam adotar uma postura de total equidistância com relação às apurações" sobre corrupção, em especial à Operação Lava Jato.

Sem citar nomes, Barbosa disse que "é evidente que pessoas envolvidas, especialmente aquelas do mundo político, tentam criar obstáculos à ação" de instituições como o Ministério Público, a Justiça e a Polícia Federal.

Ele falou ainda que é "totalmente favorável à preservação das empresas" envolvidas na operação e sugeriu que "o próprio capitalismo" resolva o problema. "Empresas que estão encrencadas em atos de corrupção, com certeza deve haver inúmeras empresas loucas para comprá-las, para incorporá-las", disse o ex-ministro.

Relator do mensalão

Barbosa foi o relator do processo do mensalão, que acabou com a condenação de nomes importantes do PT, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.

O ministro foi nomeado à Corte em 2003 pelo então presidente Lula e se aposentou em julho do ano passado. A idade de aposentadoria compulsória no tribunal, 70 anos, só seria atingida por ele em 2024.