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Prefeitura investiga Bolsa Família para mulher de vereador de Montes Claros

O vereador Rodrigo Cadeirante (PTN-MG) vai ser investigado por mulher ter usufruído do Bolsa Família enquanto ele recebia salário de R$ 14 mil - Reprodução/Facebook
O vereador Rodrigo Cadeirante (PTN-MG) vai ser investigado por mulher ter usufruído do Bolsa Família enquanto ele recebia salário de R$ 14 mil Imagem: Reprodução/Facebook

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

17/06/2015 12h50

A Prefeitura de Montes Claros (a 424 km de Belo Horizonte), em Minas Gerais, abriu sindicância administrativa para investigar a mulher de um vereador do município que teria recebido, entre 2006 e março deste ano, R$ 8.130 do programa Bolsa Família. O parlamentar Rodrigo Cadeirante (PTN) tem remuneração bruta mensal de R$ 14.029,65 na Câmara Municipal.

“Pretendo terminar em 30 dias a sindicância e encaminhar o resultado para a PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal). Na amostragem de 500 famílias checadas pela prefeitura neste ano, verificamos irregularidades em 23% delas”, afirmou nesta quarta-feira (17) o subsecretário de Prevenção à Corrupção da Prefeitura de Montes Claros, José Pedro de Oliveira.

Segundo o subsecretário, as equipes da prefeitura constataram que Lusimar Veríssimo dos Santos, mulher de Cadeirante, foi beneficiária do programa até março deste ano. O casal, que mantém união estável, tem dois filhos menores de idade.

Montes Claros, com cerca de 400 mil habitantes, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), tem 26 mil famílias cadastradas no programa do governo federal.

De acordo com dados da prefeitura, a mulher do vereador cadastrou os dois filhos no programa em 2006, época em que, para se enquadrar nos requisitos do programa, a renda per capita familiar não podia ultrapassar R$ 100. Pelas regras atuais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome têm direito ao benefício famílias com renda mensal per capita de até R$ 140.

Rodrigo Cadeirante assumiu o cargo de vereador em janeiro de 2013, mas sua mulher não cancelou o cadastro. Chegou a inclusive fazer o recadastramento no programa social. “Ela continuou recebendo o benefício do Bolsa Família até março de 2015”, diz o advogado.

Defesa do vereador

O UOL não conseguiu falar com o vereador. A assessoria parlamentar de Rodrigo Cadeirante informou que somente ele poderia tratar do “assunto particular” e que encaminharia um pedido de entrevista, ainda não atendido. O político não tem assessoria de imprensa própria.

A assessoria jurídica da Câmara de Montes Claros, por sua vez, disse que não há qualquer denúncia na Casa envolvendo o vereador.

Nessa terça-feira (16), durante a reunião ordinária da Câmara Municipal de Montes Claros, o vereador disse ter pensado que a mulher tinha sido excluída do Bolsa Família em dezembro de 2012, mês anterior à posse dele.

Cadeirante ainda argumentou que, desde então, nunca teve conhecimento de que Lusimar Veríssimo dos Santos fazia saques do programa. “Se a minha mulher estiver errada, ela terá que pagar pelo erro, porque temos que seguir todos os rigores da lei”, afirmou no discurso.