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Cunha diz que críticos não "têm voto" e prega saída de Temer da articulação

Do UOL, em Brasília

02/07/2015 12h48Atualizada em 02/07/2015 13h36

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou os deputados que o chamaram de "golpista" após a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da maioridade penal nesta quinta-feira (2). O peemedebista também afirmou que o vice-presidente Michel Temer, também do PMDB, poderia deixar a articulação política do governo Dilma Rousseff (PT).

A Câmara aprovou na madrugada desta quinta-feira (2), em primeiro turno, a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos, para homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte. O texto "mais brando" votado nesta sessão foi considerado uma "pedalada regimental" de Cunha para reverter a rejeição da proposta no dia anterior.

Questionado pelos jornalistas sobre o fato de ter sido chamado de "golpista" após manobras para aprovar a PEC, Cunha ele respondeu: "Isso [ser chamado de golpista] é choro de quem não tem voto, choro de quem está entrando na agenda que não é da sociedade. Não é à toa que o governo está indo para 9% de popularidade", declarou.

Em seguida, ele disse ainda que Temer deveria deixar o cargo no governo. "A articulação política está cada hora indo para um caminho equivocado. Michel Temer entrou para tentar melhorar essa articulação política e está claramente sendo sabotado pelo PT. Do jeito que está indo aqui, o governo se misturando com o PT no mesmo mal, o PMDB deve ficar longe dessa articulação política porque isso não está fazendo bem para o PMDB. E ao mesmo tempo, o governo como está se comportando dentro dessa Casa, não está fazendo bem a ele."

O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) afirmou que um grupo de parlamentares contrários à decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter retomado a votação da maioridade penal após uma derrota do tema, vai entrar com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) contestando a atitude.

Cunha negou ter manipulado o regimento interno da Câmara. "As razões regimentais foram absolutamente tranquilas. Podem entrar [com mandado de segurança no STF] à vontade. Eles [PT] querem ir contra a maioria. Eles não discutem que não têm a maioria. Quando [a votação] foi a favor deles, eles não reclamaram. Não tomo nenhuma decisão que seja contra o regimento da Casa e não tomarei." 

Comemoração e críticas

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) comemorou a aprovação da PEC e disse ela "veio atrasada". "Foi a maior vitória talvez do centro-direita contra a esquerda no nosso país. Nosso país precisa mudar e começamos a mudança ontem".

Já o PT reagiu. "Foi evidentemente um golpe contra a Constituição de nosso país, eventualmente oferecendo vantagens ou ameaçando com intimidações para alterar um resultado de votação", disse Henrique Fontana (PT-RS). "Para anular essa votação não é o caso de ter pressa."

Na que terminou nesta madrugada, 323 deputados foram a favor, 155 deputados votaram contra a redução e houve ainda 2 abstenções. O texto ainda precisa passar pelo segundo turno de votação na Casa antes de ir para o Senado.