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Governo finge que tem maioria e maioria finge que é governo, diz Cunha

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

16/07/2015 10h38Atualizada em 16/07/2015 12h10

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a tecer críticas contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que a maioria parlamentar do governo no Congresso Nacional é "falsa". “O governo finge que tem maioria e a maioria finge que é governo, mas não é governo”, afirmou. A declaração foi feita durante um café da manhã oferecido pela Presidência da Câmara a jornalistas na manhã desta quinta-feira (16) em que o peemedebista fez um balanço de seu primeiro semestre à frente da Casa.

Ao longo de quase uma hora e meia de entrevista, Cunha desferiu inúmeras críticas ao governo e ao PT. Segundo ele, as falhas na articulação política do governo agravou os efeitos da crise econômica. “O governo erra tanto na condução desse processo que isso vai se esgarçando, e aí quando o governo não aprova, ele acaba perdendo sua credibilidade de condução da economia pelos agentes políticos. O que acontece? Você começa a por em risco o grau de investimento no Brasil. O problema do grau de investimento é político”, afirmou.

Apesar de criticar o governo, Cunha afirmou que não defende a saída imediata do PMDB da base aliada. “O PMDB tem um compromisso e responsabilidade de manter o mínimo de governabilidade. Ele fez parte da chapa [da reeleição da presidente Dilma, em 2014]. Seria uma irresponsabilidade não ajudar na governabilidade”, afirmou. Mesmo assim, Cunha disse que espera o fim da aliança com o PT para o mais breve possível. “Estamos doidos para cair fora”, disse.

Oficialmente, a bancada governista conta com 304 deputados e 52 senadores -- incluindo os parlamentares do PMDB.

“Na realidade, o PMDB não está no governo. Quem está são os ministros. Todas as bases dos ministérios são do PT ou do governo. Na verdade, você tem o cargo de ministro, pega lá, qualquer um, a estrutura embaixo é do PT ou ligada à confiabilidade deles. O PMDB não manda nos ministérios pelos quais têm os ministros. Sempre foi assim. A gente fica com o ônus e não participa”, disse  Cunha.

Cunha evitou fazer comentários sobre a operação Lava Jato,  que investiga irregularidades em contratos da Petrobras, mas mostrou bom humor ao dizer que não “perde o sono” por causa dela. Cunha é investigado junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) por seu suposto envolvimento no esquema que, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, desviou pelo menos R$ 10 bilhões. “Quando o avião está taxiando, eu já estou dormindo. Sou muito tranquilo e sereno em relação a tudo isso. Quem não deve, não teme”, afirmou.