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Procurador que chefia Lava Jato no MP diz que ação durará mais 1 ou 2 anos

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

17/07/2015 19h29

O procurador da República Deltan Dallagnol disse nesta sexta-feira (17) que as investigações da Operação Lava Jato, que apura desvio de dinheiro público na Petrobras, podem se estender por mais "um ou dois anos".

O coordenador da força-tarefa montada no MPF (Ministério Público Federal) para investigar o caso esteve na sede que a instituição mantém na capital mineira, para participar de evento no qual foi apresentado o projeto “10 medidas contra a corrupção’, cujas propostas foram idealizadas pelo MPF .

“Existe sempre um componente de imponderável nas investigações. Não é possível responder a essa questão de modo preciso. A nossa expectativa é que esse caso vá demorar pelo menos mais um ou dois anos”, afirmou.

Dallagnol disse que a intenção é apontar todos os envolvidos no escândalo.

“Nós vamos nos esforçar para apurar as responsabilidades de todas as pessoas e buscar a punição de todos os criminosos e o ressarcimento dos cofres públicos”, declarou.

Em relação ao “imponderável” que possa surgir no decorrer das apurações, o procurador relembrou ter se surpreendido com o rumo que a investigação tomou.

“Se você me perguntasse isso em março de 2014, quando estávamos nas primeiras fases das apreensões, nosso foco principal eram quatro organizações criminosas comandadas por doleiros. Ninguém imaginava que o caso iria tomar a dimensão que tomou”, salientou.

Procurador diz que delações premiadas foram feitas "de acordo com a lei"

Dallagnol também se posicionou sobre as delações premiadas feitas no decorrer da Operação Lava Jato. Segundo o procurador, elas foram feitas “de acordo com a lei” e disse que elas foram importantes para o avanço do trabalho dos investigadores.

“Todas as colaborações premiadas foram feitas de acordo com a lei. Nós temos diversas colaborações que foram feitas pelo Ministério Público Federal, e elas foram homologadas em diferentes juízos, tanto em primeira instância como inclusive perante o próprio Supremo Tribunal Federal (STF)", afirmou Dallagnol. "Fomos extremamente cuidadosos com todo o procedimento e não tivemos qualquer problema em relação a acordos e colaborações feitos”.

O procurador do MPF respondeu às críticas feitas sobre as prisões feitas na operação, que teriam sido instrumentos de pressão para se obter as delações premiadas.

“Não se sustenta [a crítica] e é incompatível com o fato de que mais de dois terços das colaborações foram feitas por réus soltos”, afirmou.

Dallagnol negou ainda que tenha havido os denominados vazamentos “seletivos” de informações da operação. Segundo ele, em algumas ocasiões, as informações veiculadas na imprensa não eram condizentes com a verdade e ainda citou o grande número de agentes envolvidos no caso.

“Existe uma grande confusão entre aquilo que é vazamento e aquilo que não é vazamento. Quando você tem uma investigação sensível envolvendo inúmeras pessoas, inúmeros atores (...), existe uma gama de possiblidades de vazamentos. Nós tivemos casos em que a imprensa vazou algo que jamais aconteceu”.