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Em SP, Cunha ataca PT e diz que 'covardia não faz parte' de seu vocabulário

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, em almoço-debate promovido pelo Lide, em São Paulo - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, em almoço-debate promovido pelo Lide, em São Paulo Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

27/07/2015 14h05Atualizada em 27/07/2015 18h31

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se colocou à disposição para responder a qualquer pergunta em almoço com líderes empresariais em São Paulo. Cunha demonstrou confiança e disse, sem citar a Lava Jato, que não se intimidará por "acusações falsas". "A história não reserva lugar aos covardes. Covardia não faz parte do meu vocabulário", disse.

Ele é acusado pelo empresário Julio Camargo de lhe pedir pessoalmente o pagamento de US$ 5 milhões em propina durante um encontro que, segundo o delator, eles tiveram no Rio de Janeiro com a presença de Fernando Baiano.

No evento, ele atacou o PT: "A impopularidade do PT consegue ser maior do que a da própria presidente", afirmou. "A maioria no partido hoje tem opinião contrária à aliança", disse Cunha, que lembrou ainda que ele próprio votou a favor da aliança em 2014 e que não tentou convencer companheiros de partido a também romperem com o governo, como ele fez. "Não telefonei a um integrante do partido pedindo que me acompanhasse no rompimento."

Fazendo uma análise aos empresários, Cunha recapitulou sua crise com o governo e disse que "sem hegemonia eleitoral não se consegue hegemonia política". Sobre o resultado das eleições de 2014, com uma margem de diferença pequena entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), o peemedebista disse que o resultado apertado, que não garantiu a hegemonia ao governo, apenas "foi uma vitória", sem ter trazido hegemonia.

Cunha acusou ainda o governo de "estimular a criação de partidos artificiais para tumultuar", em referência ao apoio de setores do governo à recriação do PL com o auxílio do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD).

Ele disse que o governo também precisa dizer onde quer chegar após o ajuste fiscal, que classificou de "pífio". "Você tem que dizer à sociedade o que vem depois do sacrifício", afirmou. Cunha ainda negou ser candidato a algum posto nas eleições de 2016 ou 2018.

Cunha afirmou aos empresários que seu rompimento pessoal com o governo não significa que ele usará a Casa para atuar contra o governo. O parlamentar reclamou do que chamou de "covardia" do governo contra ele nas acusações da Lava Jato, mas disse que seu compromisso é conduzir a Câmara mantendo o equilíbrio e atuando institucionalmente e com independência.

"Não está no nosso horizonte fazer com que nosso país incendeie. Nesses dias difíceis, pode faltar incendiário, o que não pode faltar é bombeiro", disse o presidente da Câmara, afirmando que sempre estará na posição de bombeiro.

Sem dar sua opinião sobre o julgamento das contas do governo, as chamadas "pedaladas fiscais", Cunha apenas disse que desejava que as pessoas "não se decepcionassem" com a tramitação do processo no Legislativo. "As pessoas estão criando expectativa como se TCU condenasse o governo, não é isso. É um parecer. A palavra é do Congresso." (Com Estadão Conteúdo)