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Lava Jato "transbordou" para o Ministério do Planejamento, diz força-tarefa

Do UOL, em São Paulo

13/08/2015 11h00Atualizada em 13/08/2015 12h27

O esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela operação Lava Jato, "transbordou suas fronteiras" para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, apontam o MPF (Ministério Público Federal) e a PF (Polícia Federal).

O procurador da República Roberson Pozzobon afirmou que um novo esquema, que atuou de meados de 2010 a julho de 2015, foi descoberto a partir da delação premiada do lobista Milton Pascowitch.

"Ele revelou ter sido procurado por João Vaccari Neto [ex-tesoureiro do PT], que propôs que ele passasse a receber, em favor do partido, valores das empresas do grupo Consist Software. Segundo confidenciado por Vaccari ao operador, ele estava tendo dificuldade de receber esses valores do operador Romano", disse o procurador. A Consist gere o sistema de pagamentos consignados no Ministério do Planejamento.

O advogado e ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Correa Romano (PT) foi preso na manhã desta quinta-feira (13) no aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Romano é apontado como o operador que antecedeu Milton Pascowitch nos recebimentos das empresas do grupo Consist.

Segundo Pozzobon, depoimentos de gestores da Consist revelaram que Romano era quem indicava empresas de fachada para o repasse de propina. O ex-vereador é suspeito de ter recebido cerca de R$ 50 milhões por contratos de crédito consignado com o ministério. 

"Os pagamentos eram feitos para empresas desse operador, algumas delas de fachada, para outras empresas que a princípio não tinham qualquer relação com a empresa pagadora [Consist], entre elas gráficas, empresas de consultoria, empresas de investimento, e pagamentos também para quatro escritórios de advocacia, sem uma contraprestação de serviços diretos para a empresa que teria pago", detalhou o delegado da PF Márcio Adriano Anselmo.

Entre os pagamentos, os investigadores descobriram um feito para a esposa do ex-secretário de Recursos Humanos do ministério Duvanier Paiva Ferreira, que já faleceu.

"A ligação [entre os dois esquemas] é visceral porque, como foi revelado por Milton Pascowitch, ele represava os valores que recebia de empresas que pagavam propinas no âmbito da Petrobras e utilizava esse represamento para abrir as comportas para o João Vaccari periodicamente", disse Pozzobon.

"Ao contrário dos nossos reservatórios d'água, o que se verifica aqui é que esse volume de propina está longe de atingir o volume morto", declarou o procurador.

O ex-vereador foi conduzido para a Superintendência da PF em São Paulo e depois deve ser levado para Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Lava Jato, que chegou hoje à 18ª fase, batizada de "Pixuleco 2", uma continuação da 17ª etapa.