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Em busca de apoio no Nordeste, Dilma anuncia investimentos na Bahia

Dilma Rousseff vai entregar casas do Minha Casa, Minha Vida e anunciar investimentos em mobilidade - Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff vai entregar casas do Minha Casa, Minha Vida e anunciar investimentos em mobilidade Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Marcelo Barreto

Do UOL, em Salvador

14/08/2015 06h00

A presidente Dilma Rousseff vai à Bahia nesta sexta-feira (14) para inaugurar casas do Minha Casa, Minha Vida e anunciar investimentos em mobilidade urbana em Salvador. Com Rui Costa (PT-BA) entre os governadores mais bem avaliados do país, Dilma tenta aos poucos reverter a crise com uma agenda positiva no Estado que a ajudou a se reeleger com 70% dos votos válidos.

Depois de passar por São Luís (MA) na segunda-feira (10), onde fez um apelo contra o que chamou de “vale-tudo” para atingir “qualquer governo, seja federal, estadual ou municipal”, a petista cumpre agenda pela manhã em Juazeiro (BA), onde entrega 2.020 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida.

À tarde, a presidente chega a Salvador e deve anunciar investimentos de R$ 8 milhões em obras de mobilidade e contenção de encostas para a capital baiana.

Dilma realiza uma série de viagens pelo Nordeste, onde vem perdendo popularidade, como mostrou pesquisa do Datafolha. A visita ocorre dois dias antes da manifestação que opositores programam para o próximo domingo (16), em todo o país.

Segundo publicou "O Estado de S. Paulo", Dilma deve visitar os nove Estados do Nordeste. Dentro dos próximos dias, a presidente deve passar por Cabrobó (PE) para conferir a conclusão de parte do trecho norte da obra da transposição do rio São Francisco entre o município e a cidade de Terra Nova. Mais de 70% dos canais já estão prontos e deverão beneficiar mais de 12 milhões de pessoas em quatro Estados.

VLT e encostas

A presidente anunciará investimento federal em obras como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), projeto que pretende ligar o Subúrbio Ferroviário ao bairro do Comércio. O novo modal terá 21 paradas ao longo de 18,5 km de extensão, 4,9 km a mais que os trilhos atuais.

As obras devem ser iniciadas em novembro, com previsão de conclusão para o segundo semestre de 2017, de acordo com o secretário estadual da Casa Civil, Bruno Dauster. A expectativa é transportar 150 mil pessoas por dia.

O projeto prevê a integração do VLT com as Linhas 1 e 2 do metrô e com dois roteiros do BRT (Bus Rapid Transit), projeto do prefeito ACM Neto (DEM) que ligará a avenida Vasco da Gama ao Iguatemi por um trajeto de 8,7 km. Para isto, serão disponibilizados R$ 300 milhões do Ministério das Cidades, além de R$ 520 milhões da prefeitura, financiados pela Caixa.

A presidente deve anunciar ainda o montante de R$ 200 milhões para intervenções nas encostas em áreas de risco da capital, castigada pelas fortes chuvas que caíram entre abril e junho. As medidas estruturantes fazem parte da segunda etapa do Programa de Contenção de Encostas, do governo do Estado, e contarão com R$ 156 milhões garantidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Promessas 

O incentivo federal tanto para o VLT como para o BRT foram promessas de Dilma durante sua campanha de reeleição em 2014. 

Em 2013, o clamor das ruas por investimentos em mobilidade durante os protestos por todo o país acendeu o alerta vermelho do Planalto. Em outubro daquele ano, ainda no governo Jaques Wagner, Dilma veio a Salvador para anunciar o repasse de R$ 2,3 bilhões do PAC Mobilidade Urbana.

A presidente retornou à capital baiana em novembro de 2013, para inaugurar a Via Expressa Baía de Todos-os-Santos, que liga a BR-324 ao Porto de Salvador. Com 4,3 km de extensão, a maior intervenção viária dos últimos 30 anos na cidade teve um custo total de R$ 480 milhões, sendo R$ 450 milhões de recursos federais do PAC Mobilidade.

Passarela de Salvador - Pablo Reis/Divulgação - Pablo Reis/Divulgação
Uma das quatro passarelas inacabadas na Via Expressa Baía de Todos-os-Santos, inaugurada em 2013
Imagem: Pablo Reis/Divulgação

Obras atrasadas

Lançada com a expectativa de desafogar o tráfego pesado na região central, a obra demorou quatro anos para ser entregue à população. O projeto contempla três túneis, 14 elevados, 10 faixas, 3,2 metros de ciclovias e 35,5 mil metros quadrados de calçadas.

Embora o complexo viário tenha sido entregue no final de 2013, ainda há obras inacabadas no local. Quatro passarelas continuam inconclusas 27 meses após serem contratadas e já receberam seis aditivos de prorrogação de prazo. O valor da obra, cuja licitação foi vencida por consórcio das construtoras MRM e Top Engenharia, já supera em R$ 1,5 milhão o valor inicial do contrato.

Até o momento, os equipamentos custam R$ 17,5 milhões, oriundos de convênio com o Ministério dos Transportes. Um deles, localizado na Avenida Barros Reis, tem apenas dois pilares de concreto, mais de dois anos após a assinatura da ordem de serviço.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), que executa a obra, diz que “parte da estrutura metálica já foi finalizada e instalada no local, no entanto, as treliças metálicas ainda se encontram em fabricação”.

Outras três, na estrada da Rainha e avenida Heitor Dias, já são utilizadas pela população, mas constam como inacabadas por falta de elevadores hidráulicos para portadores de necessidades especiais.

A Conder justifica o atraso informando que o projeto é “pioneiro em Salvador, contendo elementos e estruturas inovadoras para os padrões existentes, além de serviços complementares (contenções, passeios, remanejamentos de redes etc). Dessa forma, verificou-se a necessidade de revisão e readequação dos projetos, em função das dificuldades encontradas".