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Cunha afirma ser inocente e nega ter recebido propina

Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados - Eraldo Peres/AP
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados Imagem: Eraldo Peres/AP

Do UOL, em Brasília

20/08/2015 19h16Atualizada em 21/08/2015 11h22

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou que tenha recebido propinas e afirmou ser inocente de qualquer envolvimento com as irregularidades investigadas na Operação Lava Jato. 

A Procuradoria Geral da República protocolou nesta quinta-feira (20) denúncia contra o parlamentar. O principal indício do suposto envolvimento de Cunha no esquema da Lava Jato é o depoimento do lobista Júlio Camargo à Justiça Federal do Paraná. Camargo é um dos principais delatores da Lava Jato.

O lobista disse ter pago US$ 5 milhões em propina a Eduardo Cunha por meio do também lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como o principal operador do esquema junto ao PMDB. 

Em nota oficial divulgada no começo da noite, o parlamentar se defendeu. "Sou inocente e repudio qualquer refuto com veemência todas as ilações constantes da peça do procurador-geral da República." No entanto, afirma que está aliviado. "Agora o assunto passa para o Poder Judiciário".

Leia a íntegra da nota oficial:

"Estou absolutamente sereno e refuto com veemência todas as ilações constantes da peça do procurador-geral da República. Sou inocente e com essa denúncia me sinto aliviado, já que agora o assunto passa para o Poder Judiciário.

Como eu já disse anteriormente, fui escolhido para ser investigado e, agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado, e ainda, figurando como o primeiro da lista.

Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente, com o desenrolar, assistiremos a comprovação da atuação do governo, que já propôs a recondução do Procurador, na tentativa de calar e retaliar a minha atuação política.

Respeito o Ministério Público Federal, como a todas as instituições, mas não se pode confundir trabalho sério com trabalho de exceção, no meu caso, feito pelo Procurador-Geral. E, ainda, soa muito estranho uma denúncia divulgada às vésperas de manifestações vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, que tem, dentre seus objetivos, o de me atacar.

Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado.

À evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobrás.

Estou com a consciência tranquila e continuarei realizando o meu trabalho como Presidente da Câmara dos Deputados com a mesma lisura e independência que sempre nortearam os meus atos, dentro do meu compromisso de campanha de ter uma Câmara independente. Esclareço, ainda, que o meu advogado responderá sobre fatos específicos referidos na denúncia.

Em 2013, por outro motivo, fui denunciado pelo Ministério Público Federal. A denúncia foi aceita pelo pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria e, posteriormente, em 2014, fui absolvido por unanimidade. Isso corrobora o previsto na Constituição Federal, da necessidade do princípio da presunção da inocência.

Por fim, registro ainda que confio plenamente na isenção e imparcialidade do Supremo Tribunal Federal para conter essa tentativa de injustiça."