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Prestes a ser denunciado, Cunha diz que não acelerará pedidos de impeachment

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

20/08/2015 12h13

Pressionado pela expectativa de uma eventual denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira (20) que não deverá acelerar a tramitação dos pedidos de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). “Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Os processos continuam do mesmo jeito que estavam indo. A institucionalidade do meu cargo continua da mesma forma como ele era”, afirmou Cunha. Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", Cunha pode ser denunciado pela PGR ao STF (Supremo Tribunal Federal) por seu suposto envolvimento no esquema da Lava Jato nesta quinta-feira

Desde o início do segundo mandato da presidente Dilma, pelo menos 17 pedidos de abertura de processo de impeachment foram enviados à Câmara. Pela legislação atual, cabe ao presidente da Câmara definir que processos devem tramitar e quais devem ser arquivados. Parlamentares que apoiam a presidente temem que uma eventual denúncia da PGR contra Cunha possa fazer com que o peemedebista acelere a tramitação dos pedidos de impeachment contra ela.

Questionado sobre a possível denúncia a ser feita pela PGR, Cunha evitou polêmicas. “Não tenho o que falar, não vou alimentar polêmicas”, afirmou. No entanto, unha aproveitou a entrevista coletiva desta quinta-feira para criticar, mais uma vez, a diligência feita pela PGR ao sistema de informática da Câmara. Em maio, a PGR fez uma diligência à Câmara para obter dados de Eduardo Cunha e da ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB).

Cunha disse que durante a diligência, técnicos da PGR tiveram acesso a todos os dados de acesso de servidores e deputados da Câmara e que isso poderia ter sido evitado. “Bastava ter oficiado. Não precisava ter feito a busca [em todos os computadores]. Se oficiasse, a gente teria fornecido os dados e pronto. Como aconteceu em várias situações”, afirmou Cunha.

A diligência feita pela PGR à Câmara é o episódio mais recente da tensão entre Cunha e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na quarta-feira (19), Janot disse, por meio de um ofício à liderança do PSOL na Câmara dos Deputados que Cunha tenta usar a Câmara e os deputados como “escudo” contra as investigações em andamento contra ele.

O ofício foi uma resposta a um questionamento do PSOL em relação a uma diligência da PGR em computadores da Câmara. Cunha acusou a PGR de ter extraído dados de todos os 513 deputados da Casa

Janot negou a alegação de Cunha e, por meio do ofício, disse que apenas os dados dos deputados Eduardo Cunha e da ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita da cidade de Rio Bonito, no interior do Rio de Janeiro foram extraídos do sistema de informática da Câmara. Investigações da operação Lava Jato indicam que Solange teria feito requerimentos, a pedido de Cunha, solicitando informações sobre contratos da empresa Mistui com a Petrobras em 2011.

Os requerimentos, segundo as investigações, seriam uma forma de pressionar a empresa a pagar propina. Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" revelou que no sistema oficial da Câmara, o nome de Eduardo Cunha surge como “autor” dos requerimentos.

Cunha nega ter formulado o requerimento e pedido a Solange Almeida para apresentá-lo.

A operação Lava Jato investiga um esquema de desvio de recursos da Petrobras por meio de contratos superfaturados. Segundo as investigações feitas pela Polícia Federal e pelo MPF (Ministério Público Federal), parte do dinheiro pago a empreiteiras que mantinham contratos com a empresa era posteriormente repassada a partidos e políticos, alguns deles com foro privilegiado.