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Corregedoria investiga denúncia de regalias a presos da Lava Jato no PR

Carlos Ohara

Do UOL, em Curitiba

03/09/2015 21h30

O Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) instaurou um procedimento para apurar denúncia de privilégios a presos da operação Lava Jato no Complexo Médico Penal "em relação à alimentação e atendimento de uma podóloga."

A denúncia feita por um agente penitenciário é de que alguns presos da Operação Lava Jato detidos no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, teriam acesso a condições especiais sem autorização judicial. A informação foi publicada nessa quarta-feira (2) pelo site Paraná Portal.

De acordo com a publicação, oito detidos na operação federal estariam pagando R$ 250 por atendimentos de 90 minutos de podólogos. A reportagem descreve entrevistas que teriam sido concedidas por parentes de presos e agentes prisionais, confirmando o pagamento da regalia. Não há identificação nominal dos presos que estariam sendo beneficiados. 

Atualmente 18 pessoas detidas na Operação Lava Jato estão no Complexo Médico Penal de Pinhais. A última transferência autorizada pelo juiz Sergio Moro foi do ex-ministro José Dirceu, já removido para o local.

Investigação

Na nota encaminhada para o UOL, o Depen afirma que membros da corregedoria do órgão estiveram no Complexo Médico Penal na tarde desta quinta-feira, ouvindo detentos, funcionários e diretores. Foi realizada ainda uma vistoria nas celas. O processo deve investigar se detentos que não têm direito a condições especiais receberam benefícios. 

Conforme o Depen, a entrada de uma podóloga foi autorizada pela direção do presídio para atender "apenas um dos presos que é portador do diabetes tipo 1, necessitando assim cuidados médicos frequentes evitando até mesmo uma possível amputação dos membros". A reportagem do UOL apurou que o preso referido é o ex-deputado do PP, Pedro Correia. A entrada foi solicitada da advogada do ex-deputado.

A assessoria do Depen informou ainda que dois presos têm direito a dieta especial "com base em atestados, pareceres e declarações médicas". Segundo a nota, "um deles é portador de doença que necessita de alimentação diferenciada, com intolerância a parte da alimentação servida aos presos em marmitas". 

O UOL procurou a Justiça Federal para saber se há liberação para o atendimento da profissional dentro do complexo prisional, mas ainda não teve resposta. 

Os presos

Estão presos em Pinhais: Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da  Odebrecht S.A, Celso Araripe, ex-gerente da Petrobras, Jorge Zelada, ex-diretor da Petrobras, Flávio Barra, presidente da AG Engenharia, Alexandrino de Alencar, ex-diretor da Odebrecht, César Ramos Rocha, ex-diretor da Odebrecht, Elton Negrão de Azevedo Júnior, executivo da Andrade Gutierrez, João Antônio Bernardi Filho, ex-funcionário da Odebrecht, Márcio Faria da Silva, ex-diretor da Odebrecht, Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, Rogério Santos de Araújo, ex-diretor da Odebrecht, André Vargas, ex-deputado do PT, Luiz Argôlo, ex-deputado do Solidariedade, Pedro Corrêa, ex-deputado do PP, João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, Adir Assad, empresário e Renato Duque, ex-diretor da Petrobras.