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Concordância absoluta só na calma dos cemitérios, diz Dilma sobre Congresso

Dilma Rousseff gesticula durante reunião com centrais sindicais e movimentos sociais - Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma Rousseff gesticula durante reunião com centrais sindicais e movimentos sociais Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

04/09/2015 09h23Atualizada em 04/09/2015 09h42

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (4), em entrevista a emissoras de rádio da Paraíba, que a relação política com o Congresso é respeitosa, mas disse que as divergências são normais e que as instituições devem agir independentemente da visão de partidos e "dessa e daquela pessoa".

"Em uma democracia é natural a divergência, só há concordância absoluta na calma dos cemitérios. Fora dela, todos têm direito de divergir. Agora todas as as pessoas têm de estar orientadas por um princípio, que é a estabilidade do país. Ela é a base da nossa democracia, e o Brasil tem demonstrado a força das suas instituições", disse.

A presidente lembrou que a Constituição de 1988 define "papéis muitos claros para Judiciário, Legislativo e Executivo". "São Poderes independentes, mas que têm de viver harmonicamente. A relação entre o Congresso está subordinada a esse conceito constitucional, e podemos divergir, mas é dever procurar conversar, independente da visão partidária, da visão que tenha essa ou aquela pessoa."

Para Dilma, a relação com o Congresso deve estar centrada em garantir o interesse do país. "As leis têm de atender as demandas dos brasileiros, devem ser discutidas e aprovadas. Agora, tem que sustentar a estabilidade política, econômica e social. Esses três eixos que explicam a relação ser equilibrada, incluindo o Judiciário. Os jornalistas internacionais observam isso. Construímos isso em um processo de dia a dia, desde que acabou a ditadura. Eu vejo como [a relação com o Congresso] uma relação respeitosa, construtiva, que é necessária", pontuou.

Impostos

Dilma também falou sobre a discussão para criação de novos impostos. "Se a gente quer um orçamento equilibrado, vamos ter de tomar algumas medidas. Algumas são de gestão do próprio governo. Vamos enxugar gastos, olhar o que está se pagando, vamos melhorar a qualidade do nosso gasto. E temos que discutir novas fontes de receita se quisermos manter [as conquistas] sociais e garantir que o país não tenha um retrocesso", afirmou.

Para a presidente, a população deve participar da discussão sobre novas fontes de recursos. "Podemos discutir como ter as receitas para não ter deficit. Isso significa que vamos discutir também com o Congresso e a sociedade, mas não vamos transferir a responsabilidade para ninguém: vamos fazer isso e vamos sugerir onde a gente acha que deve ser concentrada essa receita. A gente tem dois meses para fazer isso, podendo chegar até o final do ano, pois o orçamento é para 2016."

Em outro ponto de sua fala, Dilma voltou a reconhecer a existência da crise, mas afirmou que áreas essenciais não serão afetadas.

"Esse deficit decorre das receitas, que caíram muito, porque existe uma dificuldade econômica. No orçamento, cortamos tudo o que poderia ser cortado, o que poderia esperar um pouco, mas não cortamos os programa sociais, o Prouni, o Fies, o Pronasci, o Mais Médicos, a construção de postos, cisternas e investimentos em rodovias e ferrovias, portos e aeroportos.

A presidente explicou que os gastos mantidos não são os que pesam no bolso do governo. "Esses gastos não são a parte mais forte. Onde é que o Brasil gasta o dinheiro das receitas do que arrecada? É com a Previdência, gasto de pessoal e despesas obrigatórias previstas em lei. Quase 88% do orçamento federal é gasto nisso. Não é nesses gastos a que me referi, que são os voluntários do governo, que fazem com que o governo se desequilibre", afirmou. 

Nesta sexta-feira, Dilma cumpre agenda na Paraíba, seguindo seu giro pelo Nordeste. Em Campina Grande, ela participa da entrega de 1.948 casas do programa Minha Casa, Minha Vida. Em seguida, Dilma vai a João Pessoa, onde terá duas atividades: irá se reunir com um grupo de empresários e depois apresentará o projeto "Dialoga Brasil".