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Esquema de compra de apoio com corrupção começou no governo Lula, diz MPF

Do UOL, no Rio

21/09/2015 10h53Atualizada em 21/09/2015 11h56

O procurador do MPF (Ministério Público Federal) Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou nesta segunda-feira (21) estar convicto que, no "ápice da organização criminosa" ligada a escândalos de corrupção dos últimos anos, há pessoas com vínculo à Casa Civil na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), em referência ao ex-ministro José Dirceu, preso na operação Lava Jato.

"Quando falamos em investigar compra de apoio político-partidário para o governo federal através de corrupção, estou dizendo que os casos do mensalão, do petrolão e da Eletronuclear são conexos porque, dentro deles, está a mesma organização criminosa. No ápice dessa organização, há pessoas ligadas aos partidos políticos e, não tenho dúvida nenhuma, à Casa Civil do governo Lula", declarou ele.

"Não há provas concretas nesse momento, mas trabalhamos com a hipótese de que tudo tenha sido originado dentro da Casa Civil, como foi o caso do mensalão e do petrolão", completou.

Agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de prisão preventiva contra o executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, nesta segunda-feira (21), na 19ª fase da Lava Jato. Ele foi localizado e preso em Florianópolis.

Sobrinho é suspeito de ter pago R$ 140 milhões em propina à Aratec, empresa controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, entre 2011 e 2013. Além disso, o executivo tentou corromper uma testemunha, de acordo com Lima. "Ele entrou em contato com uma testemunha para fazer alteração de fatos."

Também nesta manhã, a PF anunciou a prisão temporária de "um dos maiores operadores" do esquema envolvendo a Engevix, cujo nome não foi revelado. "Já é uma pessoa amplamente conhecida. (...) Vamos esperar algumas horas para divulgar, pois a investigação ainda está em andamento", explicou Lima.

O alvo desta nova fase, denominada Nessun Dorma, são propinas que teriam sido pagas envolvendo a diretoria internacional da Petrobras. Trinta e cinco policiais cumprem 11 mandados judiciais, sendo sete mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e dois mandados de condução coercitiva em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo a PF, a operação é um avanço das apurações das fases 15, 16 e 17 da Lava Jato. Um dos focos da investigação está relacionado aos denunciados da 15ª fase e de empreiteiras já investigadas na Lava Jato. Apura-se que investigados tenham intermediado pagamento de propina a agentes públicos e políticos no exterior, em decorrência de contratos celebrados na diretoria internacional da Petrobras.

De acordo com a PF, uma das empresas sediadas no Brasil teria recebido cerca de R$ 20 milhões entre 2007 e 2013 de empreiteiras já investigadas na operação, sob acusação de pagamento de propinas para obtenção de favorecimento em contratos com a estatal.