Ex-prefeita maranhense tinha medo de presídio violento, diz advogado
Medo de ser encaminhada a um presídio violento. Esse foi o motivo para que a ex-prefeita de Bom Jardim (MA), Lidiane Leite (sem partido), ficasse 39 dias foragida, segundo os seus advogados. Ela esperou por uma decisão que não a deixasse presa no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.
Na tarde desta segunda-feira (28), Lidiane se apresentou na sede da Superintendência da PF (Polícia Federal), na capital maranhense, com a garantia judicial de que ficará detida no quartel do Corpo de Bombeiros. Ela deve prestar depoimento ainda nesta segunda-feira.
“Ela temia pela própria vida, por isso não se entregou. Se não tivesse essa decisão, ela iria ser colocada em Pedrinhas. E lá te matam, te degolam primeiro e depois perguntam. Qualquer pessoa temeria pela vida, ainda mais nas circunstâncias da imagem que criaram dela, de 'prefeita ostentação'”, disse o advogado Sérgio Murilo Muniz, que acompanhou a entrega de Lidiane à PF.
A decisão judicial citada pelo advogado foi dada na última sexta-feira (25) pela 2ª Vara Federal, que estipulou um prazo de 72 horas para que Lidiane pudesse se entregar para esclarecer as acuações de crimes imputados. Na mesma ordem, determinou também que ela fique detida no Corpo de Bombeiros.
“Essa decisão judicial da semana passada atendeu a um pedido que ela mesmo propôs há mais duas semanas [de se entregar]. Infelizmente teve o feriado, depois a greve dos Correios – o que fez com que o processo demorasse, pois o desembargador federal, em Brasília, declinou da competência e o pedido desceu novamente para São Luís”, disse o advogado.
O Complexo Penitenciário de Pedrinhas ficou conhecido como um dos mais violentos do Brasil após registrar 170 mortes em sete anos, algumas delas com detentos degolados.
Ainda segundo o advogado, Lidiane não se afastou do município, nem cargo de prefeita enquanto esteve foragida. “Bom Jardim é o oitavo maior município do Maranhão. Tem lugares a mais de 200 quilômetros da sede. Não é porque teve uma ordem de prisão que ela tinha que ficar na sede. Ela comandou a cidade enquanto esteve no cargo, mandou efetuar na quarta-feira antes de ser afastada o pagamento do pessoal da limpeza, do funcionalismo, dos fornecedores”, afirmou.
A então vice tomou posse no dia 28 de agosto. Sobre pedido para reverter a cassação, Muniz diz que essa não é a prioridade. “Nesse momento vamos resolver essa primeira situação [da prisão]. Posteriormente vamos avaliar outra situação”, finalizou.
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