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Após revelações sobre contas, líder do PMDB sai em defesa de Cunha

Deputado federal Leonardo Picciani - Douglas Pereira/UOL
Deputado federal Leonardo Picciani Imagem: Douglas Pereira/UOL

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

01/10/2015 19h15

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), saiu em defesa do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após autoridades suíças revelarem que o nome de Cunha estaria vinculado a pelo menos quatro contas bancárias no país e que seriam utilizadas para a lavagem de dinheiro. “Ninguém pode ser culpado de forma antecipada. Tem que se  ter cautela”, afirmou. Autoridades suíças afirmam terem bloqueado pelo menos US$ 5 milhões que pertenceriam a Cunha.  

Na última quarta-feira (30), o Ministério Público da Suíça transferiu para o Brasil informações sobre uma investigação a respeito de contas bancárias no país europeu que pertenceriam a Eduardo Cunha. Segundo as autoridades suíças, há suspeitas de que o dinheiro movimentado por Cunha era fruto de operações de lavagem de dinheiro.

Questionado sobre o assunto, Cunha se negou a responder. No início do ano, porém, Cunha disse à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras que não tinha contas no exterior.

Nesta quinta-feira (1º), Picciani disse que as revelações sobre as eventuais contas de Cunha na Suíça não impedem o deputado de continuar na presidência da Câmara.

“O princípio que rege o Estado de direito e da Constituição Federal é o princípio da presunção da inocência. Já vimos casos do ex-deputado Ibsen Pinheiro que perdeu o seu mandato e que anos depois foi inocentado e não se reparou. Vamos ter calma. Não há nenhum impedimento”, disse Picciani referindo-se ao ex-parlamentar Ibsen Pinheiro, cassado em 1993 por suspeitas de participar de um esquema de desvio de recursos do orçamento da União. Na esfera jurídica, Ibsen foi inocentado anos depois.  

As revelações sobre as contas de Cunha no exterior são o mais recente episódio envolvendo o presidente da Câmara. Em agosto, ele foi denunciado pela PGR (Procuradoria Geral da República) por sua suposta participação no esquema investigado pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos de estatais como a Petrobras e a Eletrobras.  

Em julho, o lobista Júlio Camargo afirmou ter pago US$ 5 milhões em propinas a Eduardo Cunha. Em depoimento, outro lobista, João Henriques, disse que abriu uma conta no exterior para pagar propina a Eduardo Cunha por contratos firmados pela Petrobras no Benin, na África. 

Nesta quinta-feira, um grupo de pelo menos 15 deputados assinou um requerimento endereçado a Cunha cobrando explicações dele sobre as revelações feitas pelas autoridades suíças. Cunha não é obrigado a responder ao requerimento. O grupo alega que não há mais condições de Cunha permanecer na presidência da Câmara.