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Denúncia contra Cunha recebe primeira assinatura de deputado tucano

O deputado federal Max Filho (PSDB-ES)  - Gilmar Félix - 1.set.2015 / Câmara dos Deputados
O deputado federal Max Filho (PSDB-ES) Imagem: Gilmar Félix - 1.set.2015 / Câmara dos Deputados

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

14/10/2015 19h01Atualizada em 14/10/2015 19h12

O deputado federal Max Filho (PSDB-ES) aderiu nesta quarta-feira (14) à petição contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), liderada pelo PSOL e pela Rede. Ele é o primeiro deputado do PSDB a assinar a petição, apesar de o partido e outras legendas de oposição terem emitido uma nota no último sábado (10) pedindo o afastamento de Cunha do cargo por conta das suspeitas de que ele tenha contas na Suíça abastecidas com dinheiro de propina do esquema investigado pela operação Lava Jato.

Cunha responderá a processo no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Em março deste ano, ele negou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras que tivesse contas no exterior. No entanto, nas últimas duas semanas, documentos colhidos pelo Ministério Público da Suíça indicaram que Cunha mantinha pelo menos quatro contas na Europa e que ao menos US$ 5 milhões tinham sido bloqueados por suspeitas de lavagem de dinheiro. De acordo com o regimento interno da Câmara, mentir configura quebra de decoro parlamentar.

De acordo com a assessoria do PSOL, subiu de 46 para 53 o número de parlamentares que assinaram a petição que deu início ao processo contra Cunha no Conselho de Ética. Desde a última terça-feira, mais seis parlamentares, além de Max Filho, assinaram o documento: Clarissa Garotinho (PR-RJ), Aliel Machado (Rede-PR), João Derly (Rede-RS), Sérgio Vidigal (PDT-ES), Valmir Assunção (PT-BA) e Valdenor Pereira (PT-BA).

A adesão de Max Filho à representação no Conselho destoou das declarações do líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP) na última terça-feira (13). Segundo Sampaio, as provas contra Cunha ainda não haviam sido “apresentadas” e por isso o partido não havia aderido à denúncia. "Não temos sequer as provas. Elas foram divulgadas, mas não foram apresentadas", disse Sampaio.

Nesta quarta-feira, Max Filho disse que assinou a petição contra Cunha no Conselho de Ética para dar ao presidente da Câmara a chance de se defender das acusações de ter quebrado o decoro parlamentar.

“Vamos dar o direito de defesa a ele perante o Conselho de Ética. É uma acusação grave. Outros parlamentares foram alvos da mesma denúncia, a exemplo do Senador Romário e em duas semanas ele provou que não tinha. Ele [Cunha] vai ter essa chance”, disse Max Filho citando o senador Romário (PSB-RJ), que foi noticiado pela revista "Veja" como sendo beneficiário de uma conta na Suíça não declarada. Dias depois, Romário foi ao país europeu e comprovou que a conta atribuída a ele não lhe pertencia

Max Filho disse que as acusações contra Cunha são graves, mas minimizou a falta de apoio do seu partido à petição contra o presidente da Câmara. “Acho que a maior parte da bancada do PSDB não foi procurada para assinar a petição. Se nos procurarem, acho que vão assinar”, afirmou o parlamentar que negou ter sofrido retaliações das lideranças tucanas por ter assinado a petição. “Não houve retaliação. Eu apenas dei ciência a eles de que eu faria isso”, afirmou.