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Não sabia que Petrobras não era do governo, responde Cunha a Dilma

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

20/10/2015 17h37Atualizada em 20/10/2015 18h03

O bate-boca entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teve mais um episódio nesta terça-feira (20). Após a presidente Dilma dizer nesta manhã, na Finlândia, que “não há corrupção em seu governo”, Cunha rebateu. “Não sabia que a Petrobras não era do governo”, disse Cunha durante uma entrevista coletiva. 

 

No último domingo (18), a presidente Dilma, em viagem à Suécia, disse lamentar que as revelações sobre contas secretas atribuídas a Eduardo Cunha envolvessem um brasileiro.

Cunha reagiu na última segunda-feira (19) e disse que ele lamentava que fosse “com um governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo”. 

Corrupção na Petrobras

A declaração de Cunha nesta terça-feira foi uma referência à operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos da Petrobras, estatal sob o comando do governo federal. Cunha, aliás, é um dos políticos investigados pela operação Lava Jato. Em agosto ele foi denunciado por crime de corrupção e lavagem de dinheiro

Na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) pediu a abertura de mais um inquérito contra Cunha.  Há suspeitas de que ele tenha utilizado contas secretas na Suíça para movimentar dinheiro recebido de propinas  pagas como recompensa por contratos de empresas privadas com a Petrobras. 

Delatores da operação Lava Jato como Júlio Camargo afirmaram que Cunha recebeu pelo menos US$ 5 milhões de dólares em pagamentos de propinas.

Afastamento

Cunha disse não se sentir pressionado pela aparente falta de apoio tanto da oposição quanto do governo. No último sábado (10), partidos de oposição lançaram uma nota pedindo o afastamento de Cunha da presidência da Câmara. 

No PT, por outro lado, 32 dos 62 parlamentares do partido assinaram o pedido de abertura de processo contra Cunha por quebra de decoro parlamentar que tramita no Conselho de Ética da Câmara. 

“Eu não me sinto nem [pressionado] pelo governo e nem pela oposição. Minha circunstância é um pouco diferenciada. Eu fui eleito. Eu não fui eleito nem com apoio do governo e nem da oposição. O governo tinha candidato e a oposição tinha candidato. Eu não vejo motivo para me preocupar”, afirmou Cunha.

O grupo de parlamentares que ingressou com a denúncia contra Cunha no Conselho de Ética argumenta que o presidente da Câmara mentiu ao negar a existência de suas contas na Suíça e que essa mentira configura quebra de decoro parlamentar. Se for considerado culpado, Cunha pode ter o mandato cassado.