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Verbas públicas podem ter financiado campanhas eleitorais em SC, diz CPI

Senador Dário Berger (PMDB-SC), que foi citado no relatório da CPI - Diorgenes Pandini/Agência RBS
Senador Dário Berger (PMDB-SC), que foi citado no relatório da CPI Imagem: Diorgenes Pandini/Agência RBS

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

20/10/2015 19h42

Verbas públicas da área de trânsito de Florianópolis (SC) podem ter financiado campanhas eleitorais. Essa é uma das conclusões do relatório da CPI dos Radares, instaurada pela Câmara Municipal. 

A CPI divulgou nesta terça-feira (20) um relatório que aponta o uso de dinheiro desviado do sistema de radares e sinalizações de trânsito da capital catarinense em campanhas eleitorais do PSD e partidos coligados. As denúncias surgiram a partir dos resultados das investigações da Operação Ave de Rapina, da Polícia Federal.

De acordo com o relatório, o deputado federal Cesar Souza (PSD), pai do atual prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior (PSD), o presidente do Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura), Wanderley Agostini (PSD), e o senador Dário Berger (PMDB) podem ter sido alguns dos candidatos a cargos políticos beneficiados em 2014 pelo esquema.

A base da acusação é a prisão do ex-diretor de operações do Ipuf (Instituto de Planejamento de Florianópolis) Júlio Machado no dia 17 de setembro do ano passado, com R$ 100 mil reais pagos pela empresa Kopp Tecnologia.

Segundo a Polícia Federal, o dinheiro foi entregue como propina para o financiamento das campanhas. Em troca, a empresa recebeu a aprovação do aditivo contratual para operar os radares.  

O relator da CPI, vereador Ricardo Vieira (PR), afirma que, entre as provas, estão mensagens telefônicas, gravações, quase 10 mil páginas de inquéritos da Polícia Federal e depoimentos colhidos na própria comissão parlamentar.

Em um dos trechos das gravações de mensagens feitas pela PF, o diretor da Kopp, Décio Stangherlin, conhecido como Marinho, e seu funcionário Fabiano Barreto citam o deputado Cesar Souza e o prefeito Cesar Souza Júnior no esquema de aumento dos pontos de radares e prolongamento dos contratos em troca de propina.

Vieira entrou com um pedido para que a CPI apresente ao Ministério Público de Santa Catarina uma ação de improbidade administrativa contra o prefeito Cesar Souza Junior (PSD). O vereador diz que a administração municipal oculta informações de acesso público e questiona a não conclusão dos processos administrativos contra servidores envolvidos no escândalo, como Machado.

Em nota oficial, a prefeitura diz que se trata apenas de jogo político: “Como a prefeitura já esperava, infelizmente a CPI dos Radares produziu uma peça eminentemente política, fruto do trabalho de uma comissão que tem na presidência e na relatoria dois dos principais representantes da oposição ao governo na Câmara de Vereadores. Ou seja, sem a mínima isenção e equilíbrio que o trabalho exige."

O presidente catarinense do PSD, Antônio Ceron, disse que desconhece essas informações. "O PSD não está envolvido nisso.”

Já o presidente do Deinfra, Wanderley Agostini, informou que não tem nenhum envolvimento com o esquema, que não recebeu nenhuma notificação e por esses motivos não irá se pronunciar. Ele também justificou que “propaganda em carro não é crime”.

O deputado Cesar Souza afirmou nesta terça-feira (20) que falaria com a reportagem do UOL ao final do dia, mas não retornou as ligações. A advogada do senador Berger, Karine Berger, não atendeu aos telefonemas.