Topo

Na véspera de aniversário, Lula acumula más notícias

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em Brasília

26/10/2015 14h21

Na véspera de completar 70 anos, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vive uma onda de más notícias, com as investigações das operações Lava Jato e Zelotes se voltando para o petista e familiares do ex-presidente, e pesquisas de opinião que apontam para a queda de seu nome na preferência dos eleitores.

Na manhã desta segunda-feira (26) a empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, em São Paulo. A empresa de Luís Cláudio está na mira da operação Zelotes, que apura um suposto esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda. O advogado do empresário afirmou que a ação da Zelotes é "despropositada".

Os policiais identificaram que a empresa de Luís Claudio recebeu pagamentos da consultoria Marcondes & Mautoni, investigada por suspeitas de ter negociado a edição de uma Medida Provisória que concedeu incentivos fiscais ao setor automotivo.

Um dos sócios da consultoria, Mauro Marcondes, afirmou que o pagamento se referia a um projeto esportivo, área de atuação da LFT.

Na popularidade política, Lula também enfrenta más notícias. Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (26) pelo jornal “O Estado de S.Paulo” aponta que o ex-presidente tem a maior rejeição entre os prováveis candidatos ao Planalto nas próximas eleições. Lula não teria “de jeito nenhum” o voto de 55% dos entrevistados. Em maio do ano passado, esse percentual era de 33%.

Apesar disso, o ex-presidente continua à frente dos concorrentes quando os eleitores são perguntados em quem votariam “com certeza”: 23% escolheram Lula (era 33% em maio de 2014), ante 15% de Aécio Neves (PSDB) e 11% de Marina Silva (Rede). 

No domingo, em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, confirmou ter levado o empresário João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, a um encontro com o ex-presidente, no Instituto Lula. A interseção de Bumlai a favor do encontro, segundo confirmou o pecuarista, foi um pedido do lobista Fernando Soares, o Baiano, delator na operação Lava Jato.

Baiano afirmou em sua colaboração premiada ter repassado R$ 2 milhões a Bumlai, em pagamento que seria destinado a uma das noras do ex-presidente Lula. Segundo Baiano, Bumlai havia ajudado a intermediar um contrato no setor de petróleo. O pecuarista negou a versão e disse que o repasse foi um empréstimo.

O instituto do ex-presidente divulgou nota na qual nega que qualquer nora de Lula tenha recebido dinheiro e diz que “jamais autorizou que o senhor José Carlos Bumlai ou qualquer pessoa utilizasse seu nome [o de Lula] em qualquer espécie de lobby”, diz o texto da nota.

A atuação do ex-presidente a favor de empresas privadas também é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal, que apura se Lula praticou tráfico de influência para que grandes empreiteiras nacionais conseguissem contratos em outros países financiados pelo BNDES.

No dia 15 deste mês, Lula prestou depoimento voluntariamente à Procuradoria e negou as acusações e disse que jamais interferiu nas decisões do banco. “Os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior”, afirmou, segundo nota divulgada pelo Instituto Lula na época.