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CPI do BNDES rejeita convocação de ex-ministro Antonio Palocci

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

05/11/2015 11h57Atualizada em 05/11/2015 12h21

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) rejeitou nesta quinta-feira (5) a convocação do ex-ministro Antonio Palocci para prestar esclarecimentos sobre suas atividades como consultor de empresas que mantinham contratos com o banco. A rejeição foi alvo de protestos por parte de parlamentares da oposição.

Palocci foi ministro da Fazenda durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Na última semana, foram divulgadas informações sobre movimentações financeiras do ex-ministro. De acordo com um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) divulgado pela revista “Época”, o ex-ministro movimentou R$ 216 milhões entre 2008 e abril deste ano. Palocci, que foi ministro da Fazenda do ex-presidente Lula e chegou a ocupar a Casa Civil durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), atua como consultor.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Palocci disse que os seus ganhos e os de sua empresa estão “clara e transparentemente registrados e sempre informados às autoridades competentes”.

Nesta quinta-feira, o presidente da CPI, Marcos Rotta (PMDB-AM), pediu a abertura de uma sindicância interna para apurar o vazamento de informações produzidas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre movimentações de recursos do ex-presidente Lula, Palocci e dos ex-ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Erenice Guerra (Casa Civil). Uma reportagem publicada pela revista “Época” na semana passada, com base em um relatório solicitado pela CPI, indicou que os quatro movimentaram R$ 294 milhões entre 2008 e abril deste ano. A sindicância deverá apurar se o vazamento foi praticado por integrantes da CPI.

Parlamentares de partidos de oposição criticaram a rejeição à convocação de Palocci alegando que ele atuou como consultor para empresas que obtiveram financiamentos junto ao BNDES.  “O que vai sobrar da sessão de hoje é lamento. A população vai ter é nojo do que está acontecendo hoje”, afirmou o deputado Caio Nárcio (PSDB-GO). 

O deputado João Gualberto (PSDB-BA) disse, após a rejeição de Palocci, que o ideal seria que a CPI fosse encerrada. “Antonio Palocci está envolvido em tudo quanto é corrupção desde que o PT assumiu o poder. Se a gente não ouvir o Palocci, então é melhor que encerre essa CPI hoje”, afirmou.

A convocação de Palocci encontrou resistência de parlamentares do PT. “Em nenhum momento se apontou qualquer irregularidade na participação [de Palocci] em absolutamente nada. A oposição busca trazer fatos paralelos”, afirmou Carlos Zarattini (PT-SP).

Segundo reportagem da revista “Época”, Palocci é investigado pelo Ministério Público Federal por ter recebido pelo menos R$ 12 milhões de grupos empresariais. Há suspeitas, segundo a revista, de que em pelo menos um contrato, com a empresa JBS, os pagamentos teriam sido feitos em troca de um empréstimo concedido pelo BNDES à empresa.

Outros requerimentos

A CPI também rejeitou a convocação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, apontado como próximo ao ex-presidente Lula. Alexandrino chegou a ser preso pela operação Lava Jato em junho deste ano, mas foi solto em outubro após uma decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki. 

Interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça captaram conversas entre Alexandrino e Lula sobre a estratégia que a Odebrecht e o Instituto Lula adotariam para justificar viagens feitas pelo ex-presidente à África. 

Lula está sendo investigado pelo MPF (Ministério Público Federal) por suspeitas de ter praticado tráfico de influência para favorecer a Odebrecht em contratos fora do país. Lula nega as suspeitas. 

A Odebrecht, por sua vez, é alvo de investigações da operação Lava Jato por irregularidades em contratos com estatais como a Petrobras. O presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, está preso desde junho deste ano.