Topo

Sem data para 13°, Sartori diz a servidores do RS para agradecerem por estabilidade

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

26/11/2015 23h19

Uma declaração feita de improviso pelo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), nesta quinta-feira (26), repercutiu negativamente em um momento em que o Estado não possui caixa para pagar seu funcionalismo em dia. Endereçando aos servidores públicos estaduais, o governador disparou: "Deem graças a Deus que vocês têm estabilidade, que têm garantia no trabalho. Agora os outros que estão perdendo o emprego e não têm oportunidade, o que nós estamos fazendo aqui?".
 
A declaração foi feita durante uma solenidade no Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho. Sartori comentava a alta do desemprego de uma maneira geral, quando citou a estabilidade do cargo público.

"Ainda hoje numa reunião com os servidores eu disse: 'vocês às vezes reclamam porque têm penalização, às vezes parcelou salário, às vezes não receberam em dia. Deem graças a Deus que vocês têm estabilidade, que têm garantia no trabalho. Agora os outros que estão perdendo o emprego e não têm oportunidade, o que nós estamos fazendo aqui? É tentar movimentar a economia, dar oportunidade de ter mais trabalho e mais renda porque, afinal, o poder público também tem que se mudar'", afirmou.

Os servidores gaúchos  ainda não sabem quando receberão os salários de novembro, nem se serão parcelados, como ocorreu em julho e agosto. Já o 13º  será pago somente em 2016, mas de uma maneira ainda não determinada.
 
A frase não agradou os servidores. "Ou é um desrespeito, ou sinal de ignorância uma declaração dessas. Estabilidade não é uma graça divina, mas a conquista de muitas gerações que lutaram para que o serviço público no Brasil não ficasse na dependência dos governantes do momento. Concursos e estabilidade foram conquistas da sociedade", comentou o diretor do Cpers, o sindicato dos professores estaduais do RS, Antônio Lima.
 
"O governador foi extremamente infeliz. Até porque, se não fôssemos concursados não tivéssemos estabilidade, estaríamos pedindo mais, como fundo de garantia, direito a greve, tudo o que o trabalhador no regime CLT tem", criticou o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, a polícia militar gaúcha, Leonel Lucas.

Rombo de R$ 3,6 bi

Devido a essa grave situação das contas públicas, o governo espera fechar o ano com um rombo de R$ 3,6 bilhões em suas contas. Só com o 13º é 1,2 bilhão de reais, que contempla 348 mil matrículas, entre servidores ativos, inativos, pensões previdenciárias e alimentícias. 

Para remediar a crise, o governo está dispondo de algumas medidas que desagradam a população. A mais polêmica delas foi o aumento da alíquota do ICMS, aprovado pela AL (Assembleia Legislativa). Há, por outro lado, outras manobras de contenção, como o corte de cerca de R$ 1 bilhão nas despesas de custeio, a ampliação do combate à sonegação e um programa de parcelamento das dívidas do ICMS.
 
Nessa terça-feira, um projeto de lei apresentado pelo governo para adiantar o pagamento de uma dívida de R$ 302 milhões da GM (General Motors) foi aprovado na AL. A multinacional teria aceito a proposta. O governo estaria na dependência desse dinheiro para quitar os salários de novembro. Entretanto, o anúncio sobre o pagamento integral - ou não - dos vencimentos deve ficar apenas para a próxima segunda-feira.