Topo

Dilma diz que PSDB é "base" do pedido de impeachment aceito por Cunha

Do UOL, em Brasília

11/12/2015 12h58Atualizada em 11/12/2015 16h01

A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta sexta-feira (11) que o PSDB, principal partido de oposição, seria a “base” do pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Aliás, a base do pedido [de impeachment] e das propostas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é o PSDB, sempre foi”, afirmou Dilma ao responder a perguntas de jornalistas.

“Ou alguém aqui desconhece esse fato? Porque, senão, fica uma coisa um pouco hipócrita da nossa parte: nós fingimos que não sabemos disso”, disse a presidente.

A presidente fez a afirmação ao responder a pergunta sobre a reunião do PSDB, na noite da quinta-feira (10), que confirmou oficialmente a defesa do impeachment pelo partido. “Não é nenhuma novidade. Não é possível que os jornalistas tenham ficado surpreendidos”, disse.

Na semana passada, o presidente da Câmara acatou pedido de impeachment, apresentado por juristas com o apoio da oposição, e determinou a abertura do processo contra a presidente. 

Temer

Dilma também comentou seu primeiro encontro com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), após o vice enviar uma carta à presidente na qual acusa a petista de não confiar nele e no seu partido. Na carta, Temer também reclama de não ter sido consultado para a nomeação de cargos no governo e de Dilma ter exonerado aliados do peemedebista. O encontro ocorreu esta quarta-feira (9).

A presidente disse que a conversa foi “muito rica” do ponto de vista pessoal e institucional. “Tivemos uma conversa pessoal e institucionalmente, do meu ponto de vista, muito rica”, disse. Segundo Dilma, o encontrou tratou da “importância de todos os nossos esforços em direção à melhoria da situação econômica e política do país”, firmou a presidente.

Dilma disse ainda entender que Temer tenha “considerações” sobre a participação do PMDB no governo, e negou que o Planalto tenha a intenção de interferir em assuntos do partido.

“Eu entendo que ele tenha considerações a respeito do PMDB, ele é presidente do partido”, disse. “O governo não tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Agora, o governo lutará contra o impeachment. São coisas completamente distintas”, afirmou Dilma.

A possibilidade de o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumir deu força à ala oposicionista do PMDB e precipitou declarações de apoio de líderes tucanos a um possível governo Temer.

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) afirmou que o partido “está pronto” para discutir apoio a um eventual governo do PMDB. Também senador, José Serra (PSDB-SP) disse que fará “o possível para ajudar” o novo governo caso o impedimento de Dilma seja confirmado.

A presidente participou nesta manhã da entrega do Prêmio Direitos Humanos, no Palácio do Planalto. O prêmio é oferecido pela Secretaria de Direitos Humanos, do governo federal.

Esta semana, Cunha aceitou a proposta da oposição e da ala do PMDB favorável ao impeachment para o lançamento de uma chapa dissidente na eleição da comissão especial da Câmara que vai analisar o afastamento da presidente.

A chapa da oposição, integrada por peemedebistas que defendem o impedimento de Dilma, foi vitoriosa por 272 votos a 199, em eleição realizada na terça-feira (19).

A dissidência no PMDB levou à destituição do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que indicou para a comissão do impeachment deputados aliados ao governo.

A queda de Picciani, que se tornou importante interlocutor do governo Dilma, levou a especulações de bastidores de que o Planalto agiria para reverter a destituição do líder.