"Não tem o menor sentido conduzir Lula sob vara", diz Dilma
Em mais uma crítica à forma como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento, a presidente Dilma Rousseff declarou nesta segunda-feira (7) que seu antecessor foi conduzido "sob vara". Dilma também atribuiu à oposição "parte" do atual "momento de dificuldades" ao "dividir o país".
"Não tem o menor sentido conduzi-lo [Lula], como se diz, sob vara para prestar depoimento se ele jamais se recusou a ir. Nem cabe alegar que estavam protegendo ele. Como disse um juiz, era necessário saber se ele queria ser protegido, porque tem certo tipo de proteção que é muito estranho", declarou Dilma durante cerimônia de entrega de residências do programa Minha Casa Minha Vida, em Caxias do Sul (RS).
Na sexta-feira, Lula foi alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato. Com um mandado de condução coercitiva (quando o investigado é obrigado a depor) contra ele, o ex-presidente foi levado de sua casa, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, à delegacia da PF no aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital. Ele foi ouvido por cerca de quatro horas e liberado em seguida.
No mesmo dia, a presidente classificou a medida como "desnecessária". No sábado (5), Dilma visitou Lula em São Bernardo do Campo e, segundo o jornal "Folha de S. Paulo", disse que a ação foi uma "violência injustificável".
Hoje, a presidente condenou também o que ela classificou como "vazamentos sistemáticos". Na semana passada, a revista "IstoÉ" divulgou parte do conteúdo da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que teria citado os nomes de Dilma e Lula.
"Temos assistido a vazamentos sistemáticos que se prova, a partir de um determinado momento, que não são verdadeiros. Mas aí o estrago de jogar lama já ocorreu", declarou.
"Não acho que podemos demonizar ninguém. Demonizar pessoas, órgãos, a imprensa. Não podemos demonizar opinião diferente da nossa. Mas temos de exigir o respeito para si e dar o respeito aos outros", acrescentou Dilma.
Eleições 2018
Ao mencionar a atual crise econômica no país, a presidente atribuiu "parte do momento de dificuldades" à crise política "provocada por aqueles que são inconformados, que perderam as eleições e querem antecipar as eleições de 2018".
"Um governo tem de quer a unidade dos brasileiros. A oposição tem absoluto direito de divergir, mas a oposição não pode ficar sistematicamente ficar dividindo o país. Sabe por que não pode? Porque tem certo tipo de luta política que cria um problema não só para a política, mas também para a economia, para o crescimento das empresas", comentou.
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