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Dilma diz que Lula 'terá os poderes necessários para ajudar o Brasil'

Do UOL, em Brasília

16/03/2016 16h18Atualizada em 16/03/2016 18h02

A presidente Dilma Rousseff ressaltou o “compromisso” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o equilíbrio fiscal e o controle da inflação, em sua primeira entrevista à imprensa após ter sido anunciada a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. Ela também fez questão de destacar que Lula seguirá investigado e que a nomeação não afeta os rumos da Operação Lava Jato.

Perguntada por jornalistas se Lula teria “superpoderes”, a presidente tentou minimizar a possibilidade de seu antecessor, e principal fiador político, atuar de fato como uma espécie de primeiro-ministro, o que esvaziaria seu poder no cargo. “Tem seis anos [tempo de mandato] que vocês [jornalistas] tentam me separar do Lula. A minha relação com o Lula não é uma relação de poderes ou superpoderes. A minha relação com Lula é uma sólida relação de quem constrói um projeto juntos. Então o presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para nos ajudar, para ajudar sobretudo o Brasil. Tudo o que ele puder fazer para ajudar o Brasil será feito”, afirmou a presidente. 

"Vamos falar a verdade. A vinda do Lula para meu governo fortalece meu governo, e tem gente que não quer ver ele fortalecido. Sinto muito. Ele vem, ele vai ajudar. Nós vamos olhar a questão da retomada do crescimento, da estabilidade fiscal e do controle da inflação."

A presidente ainda rebateu a afirmação de que Lula teria sido nomeado ministro como forma de fugir da jurisdição do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. Como ministro, Lula só pode ser investigado no STF (Supremo Tribunal Federal).

“Então, por trás dessa afirmação de que seria se esconder [da Justiça], estaria uma desconfiança da Suprema Corte do país? É isso que as oposições querem colocar?”, afirmou Dilma. “A única diferença que existe em ser investigado na primeira instância ou na última é quem é a corte que manda investigar. Prerrogativa de foro não é impedir a investigação, é fazê-la em determinada instância e não em outra”, afirmou.
 

Recado ao mercado

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Dilma deu um recado ao mercado, destacando o "compromisso" de Lula com o equilíbrio fiscal. “O presidente Lula tem uma trajetória que eu reputo muito expressiva também pelo seu compromisso pela estabilidade fiscal e controle da inflação. Compromisso esse que não é um compromisso meramente retórico, ele se expressa numa situação muito significativa, que é a atuação ao longo dos oito anos do governo dele”, disse.
 

A presidente também destacou a “inequívoca experiência política” do presidente e sua experiência com políticas públicas.

Negou também que haja novas trocas ministeriais, que teriam sido pedidas por Lula. Não saem “nem o ministro Nelson Barbosa [Fazenda] nem o ministro Tombini [Banco Central]. Pelo contrário. Eles estão mais dentro do que nunca”, disse. “Tem coisa que está um pouquinho acima no noticiário especulativo”, afirmou a presidente.

O anúncio da volta de Lula ao governo levou o mercado a especular que poderiam ser adotadas medidas heterodoxas de estímulo à economia, o que provocou o temor de analistas que defendem principalmente medidas de ajuste fiscal para superar a crise econômica.

 

No começo desta quarta-feira, segundo o jornal "Folha de S.Paulo", o petista teria imposto como condição autonomia na articulação política com a base aliada e mudanças na política econômica.

 

Lula assume a Casa Civil no lugar de Jaques Wagner, que passa a ocupar a chefia do Gabinete Pessoal da Presidência da República. A posse será na próxima terça-feira (22).

O anúncio oficial põe fim a um impasse que começou há pelo menos duas semanas. No último dia 4, o ex-presidente foi conduzido coercitivamente pela PF (Polícia Federal) durante a 24ª fase da Operação Lava Jato. Lula é investigado por suspeitas de que empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras teriam custeado reformas num sítio frequentado por ele em Atibaia (SP) e num apartamento tríplex em Guarujá (SP) que estaria reservado ao ex-presidente. 

Lula tem afirmado que não cometeu irregularidades.

Aliados propuseram a ida de Lula para um ministério como uma forma de ele conseguir foro privilegiado para que, assim, as investigações que tramitam contra ele na Justiça Federal do Paraná e na Justiça de São Paulo passem a tramitar no STF.

A chegada de Lula ao ministério da presidente Dilma acontece três dias depois de manifestações contra o governo Dilma e o PT terem reunido 3 milhões de pessoas em todo o país, de acordo com a PM (Polícia Militar). Entre os principais alvos dos manifestantes, estavam a presidente Dilma e Lula.

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Lula terá como missão principal aplacar a crise política, agravada por indicações de que o PMDB estaria "desembarcando" da base governista. A falta de apoio ocorre em meio à tramitação de um processo de impeachment contra a presidente Dilma. Para impedir o prosseguimento da ação, Dilma precisa do voto de 172 dos 512 deputados. 

O anúncio deve acirrar ainda mais os ânimos dos partidos de oposição. Na última terça-feira, líderes oposicionistas divulgaram uma estratégia para impedir nomeação do ex-presidente. Os líderes afirmaram que irão apresentar uma ação popular em todos os Estados e no Distrito Federal para tentar barrar a entrada de Lula no ministério.

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