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Telefônicas demoraram "inúmeras horas" para parar gravações de Lula, diz PF

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

17/03/2016 19h15

A Polícia Federal informou na tarde desta quinta-feira (17) que as operadores de telefonia demoraram "inúmeras horas" para cumprir a decisão do juiz Sergio Moro, 13ª Vara Federal de Curitiba, de interromper as interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros investigados no âmbito da Operação Lava Jato.

O UOL revelou que a Polícia Federal gravou e transcreveu a conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva duas horas após a decisão de Moro.

Em ofício enviado ao delegado da PF Luciano Flores de Lima, e incluído aos autos do processo,  a "Equipe de Análise/GT Lava Jato" afirma  que apesar das companhias telefônicas terem sido informadas oficialmente, o cumprimento da ordem judicial "não foi imediato, sendo que a efetiva interrupção dos monitoramentos se deu, em alguns casos, inúmeras horas depois do envio dos ofícios, sendo que algumas das companhias telefônicas tiveram que ser novamente contatadas por esta equipe para que dessem cumprimento às ordens,"

De acordo com a PF, a Oi demorou quase 24 horas após o recebimento da ordem judicial, só interrompendo as interceptações às 11h55 desta quinta (17). A Claro cumpriu a decisão às 23h33 de quarta-feira (16), já a Vivo o fez às 15h04 do mesmo dia. "Cumpre destacar que a operadora Vivo, inicialmente, não aceitou o ofício judicial enviado", o que obrigou o juiz Sergio Moro a expedir novo ofício.

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O UOL ligou para a assessoria de imprensa da Oi, que afirmou que não se pronunciará sobre o assunto. Foram contatadas por telefone as assessorias da Claro e da Vivo, mas ninguém atendeu as ligações.

Decisão de Moro

A decisão de Moro que determina o fim das interceptações ao ex-presidente foi juntada ao processo judicial às 11h12 desta quarta-feira (16). O juiz determina que a Polícia Federal seja comunicada da decisão "com urgência, inclusive por telefone", diz o texto do despacho.

Às 11h44, em outro despacho, a diretora de Secretaria Flavia Cecília Maceno Blanco escreve que informou o delegado sobre a interrupção. "Certifico que intimei por telefone o Delegado de Polícia Federal, Dr. Luciano Flores de Lima, a respeito da decisão proferida no evento 112", diz o documento.

O evento 112 refere à decisão de interromper as interceptações telefônicas do ex-presidente. Neste despacho, Moro afirma que não há mais necessidade das interceptações, pois as ações de busca e apreensão da 24ª fase da Lava Jato já foram realizadas.

Em despacho divulgado nesta quinta, o juiz Sergio Moro defendeu a legalidade da gravação da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois da ordem judicial de interrupção das escutas telefônicas contra o petista.

Já o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou que a gravação e divulgação do diálogo são fatos "graves e ilegais".

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