Comissão do impeachment tem maioria "novata" e fiel ao governo em votações
A maioria dos deputados que compõem a comissão especial que analisa o pedido de abertura de impeachment na Câmara está na primeira ou na segunda legislatura e votou a favor do governo em mais de 80% das medidas provisórias enviadas pelo executivo nessa legislatura.
Segundo levantamento feito pelo UOL, dos 65 deputados titulares, 17 estão em sua primeira legislatura e já encaram o desafio de integrar o grupo que vai ajudar a decidir o futuro da presidente Dilma Rousseff. Já outros 16 estão em seu segundo mandato --totalizando 33 dos 65 nomes com menos de seis anos na casa.
Votando com o governo
O economista e doutorando em direito Bruno Carazza dos Santos fez um levantamento sobre os votos dos deputados nas votações de medidas provisórias do governo federal. Ao todo, 33 votaram a favor em mais de 80% das vezes das 81 MPs analisadas na atual legislatura. Seis desses integrantes votaram com o governo em 100% dos casos.
Já o grupo mais opositor é formado por 23 parlamentares, que têm índices de alinhamento com governo nas votações inferior a 50%. Nove deputados votaram com o governo entre 50% e 80% dos casos.
“Embora o governo leve vantagem segundo esse critério, é preciso dizer que a votação de impeachment tem um peso diferente de votações de medidas provisórias. Pela sua repercussão sobre a situação política atual do país, e os seus reflexos nos planos econômico e social, é necessário analisar a questão sob outros prismas”, analisa o economista, em seu blog.
O levantamento do economista também mostra que 36 exerceram cargos de liderança ou vice-liderança de bancadas partidárias.
Sobre a inexperiência, o economista analisa que isso pode demonstrar controle do voto dos caciques do Congresso.
“Partindo do pressuposto de quanto mais sênior maior a independência do parlamentar, arrisco a dizer que essa combinação de pouca experiência parlamentar com baixa ascensão sobre os quadros do partido indica que os membros da Comissão terão pouca liberdade para conduzir os trabalhos e votar o relatório sem o consentimento dos comandantes de seu partido”, disse.
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