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Quem vende o "verdadeiro Pixuleco"? Na internet, comércio divide movimentos

Sites divergem a respeito de venda oficial de miniatura do boneco de Lula - Zanone Fraissat/Folhapress
Sites divergem a respeito de venda oficial de miniatura do boneco de Lula Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

31/03/2016 06h00

Diante do sem-número de grupos que pedem o fim do governo da presidente Dilma Rousseff,  existe uma questão a ser resolvida envolvendo uma "sopa" de siglas: a "paternidade" do Pixuleco, boneco inflável que faz referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A versão grande do boneco foi inflada pela primeira vez em Brasília, durante manifestações em agosto de 2015. Desde então, a figura foi vista em diversas cidades do Brasil e ganhou versões em miniatura, que podem ser compradas na internet ou até nas mãos de camelôs durante as manifestações mais recentes. A expressão "pixuleco" virou sinônimo de propina nos autos da Operação Lava Jato e evoluiu para o "Lula inflado".

Mas você sabe quem é o responsável oficial pelos pequenos Pixulecos à venda na internet? O boneco grande é de responsabilidade do Movimento Brasil (MBR). No entanto, a repercussão da iniciativa gerou as diversas miniaturas – e é aí que começa a disputa pela paternidade.

Entenda a briga para saber quem é o dono do "DNA" do boneco.

Afinal, quem é o pai?

O site Pixuleco Oficial anuncia-se como “única loja autorizada pelos criadores, o Movimento Brasil e a União dos Movimentos de Brasília (UMB)”. Segundo Alessandro Gusmão, responsável pelo MBR, a página foi criada “para evitar que a gente perca o controle”.

E é no tal controle que entra a União dos Movimentos de Brasília (UMB), associação que aglutina sete movimentos contra o governo Dilma Rousseff (incluindo o MBR) e que também autoriza a produção e a venda das miniaturas do boneco no site. De acordo com Gusmão, vários outros movimentos reproduzem o boneco de Lula sem autorização.

“Eles querem produzir, aí entram em contato com a empresa que fabricam. Mas começou a banalizar o trabalho que a gente estava fazendo. A gente entrou em contato com fornecedores para evitar justamente isso”, explicou Gusmão, que diz que as miniaturas sem autorização são vendidas desde agosto de 2015. “Como é que você quer combater a corrupção com isso? É quase como enxugar gelo.”

Entretanto, além do site autorizado por MBR e UMB, há outra página que assegura ter a versão original do boneco: a Pixulecos.com.br, ligada ao Movimento Brasil Democrático (MBD). Segundo Vítor Santisteban, responsável pelo e-commerce, os bonecos vendidos por seu site contam com autorização do mesmo MBR para vender bonecos de Lula, Dilma Rousseff e do juiz Sérgio Moro.

“Tem muita gente que se intitula oficial, [mas] não é oficial. O meu, eu tenho autorização de quem fez o desenho do Lula para fazer – tanto do Lula quanto da Dilma e do Moro”, diz Santisteban, cujo movimento não é associado à UMB. “A gente trabalha como oficial. Oficial mesmo é quem desenhou o lá de Brasília, lá do MBR. Foram eles que fizeram aquele Pixulecão”, explica.

Movimentos discordam de vendedores

A discordância a respeito do caráter oficial dos sites não é a única divisão entre os movimentos. Há outros pontos de cisma entre os comerciantes de Pixulecos – entre eles, o comércio de vendedores ambulantes em manifestações.

Segundo Alessandro Gusmão, a venda de miniaturas do boneco Lula em eventos por todo o Brasil é benéfica para a imagem dos protestos.

Já Vítor Santisteban, do MBD, vê prejuízo no financiamento de campanhas diante da concorrência de camelôs em protestos. Ele reclama de “uns bonecos pequenininhos, fora de padrão, sem autorização". "Esses bonecos acabam sustentando os movimentos. Eles meio que prejudicam as manifestações em si”, diz.

O MBR explica não comercializar oficialmente as miniaturas, apenas autoriza a venda no site. Já o MBD contabiliza as vendas de seu site, no qual o do juiz Sérgio Moro – responsável pela Operação Lava Jato – tem sido o mais procurado.

“Quando tem alguma coisa, como prisão [condução coercitiva, na verdade] do Lula, chegamos a vender quase 2.000 bonecos em um dia só. Mas em média vende 10 mil por mês”, diz Santisteban.

Como escrito acima, enquanto cada um defende o seu, todos acabaram tabelando o preço do boneco em R$ 20 (mais despesas com frete).

Pixuleco, boneco de Lula, vira bandeira da oposição e modelo de negócio

Efe