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PT pagou quase R$ 1 milhão a empresa de ex-secretário preso na Lava Jato

O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, preso preventivamente na 27ª fase da Operação Lava Jato - Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo
O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, preso preventivamente na 27ª fase da Operação Lava Jato Imagem: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

01/04/2016 19h22

Uma das empresas do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira recebeu aproximadamente R$ 1 milhão dos cofres do PT durante as eleições de 2008, três anos depois da revelação do esquema do mensalão. A movimentação financeira das empresas de Sílvio Pereira é investigada pela Operação Lava Jato que, nesta sexta-feira (1º), prendeu Sílvio Pereira e o empresário Ronan Maria Pinto durante a sua 27ª fase

Sílvio Pereira era o secretário-geral do PT em 2005, quando veio à tona o escândalo do mensalão, em que parlamentares recebiam dinheiro para apoiar votações de interesse do governo. À época, verificou-se que ele teria recebido uma Land Rover de presente da GDK, uma empreiteira que mantinha contratos com a Petrobras. Apesar de ter sido denunciado pelo Ministério Público no âmbito do mensalão, ele fez um acordo com a Justiça e não chegou a ser levado a julgamento.

Em julho de 2005, em meio à repercussão da descoberta sobre a Land Rover, Sílvio Pereira saiu do PT

Mesmo oficialmente afastado do PT, no entanto, Sílvio Pereira continuou a manter um relacionamento estreito com a legenda. De acordo com dados da Justiça Eleitoral, em 2008, durante as eleições municipais, a empresa Central de Eventos e Produções Ltda, da qual Pereira aparece como sócio administrador, recebeu R$ 999.509,07 em contratos de locação e publicidade por carros de som diretamente dos cofres do comitê de campanha do PT em São Paulo.

Desse total, a maior parte (R$ 912 mil) referia-se a contratos firmados para a campanha à reeleição da então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, hoje senadora pelo PMDB de São Paulo.

De acordo com os procuradores da Operação Lava Jato, a prestação de serviços feita pela empresa Sílvio Pereira é “aparentemente incompatível com o objeto social da empresa”.

A Central de Eventos e Produções Ltda. também é investigada pela Operação Lava Jato por ter recebido recursos de empresas que, segundo os procuradores, têm relação com o esquema de desvio de recursos da Petrobras. Segundo a investigação, a empresa teria recebido pelo menos R$ 400,5 mil de empresas ligadas a pessoas investigadas pela Operação como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

De acordo com os procuradores da Operação Lava Jato, a prisão de Sílvio Pereira nesta sexta-feira está relacionada às suspeitas de que ele seria beneficiado pelo pagamento de propina de empresas investigadas.

Procurados pelo UOL, os advogados de Silvio Pereira, assim como a assessoria do PT, ainda não se manifestaram sobre o caso

A reportagem do UOL também telefonou para a assessoria de imprensa da senadora Marta Suplicy, mas até o encerramento desta reportagem, não obteve retorno.
 

Esquema da Lava Jato e Mensalão aconteciam ao mesmo tempo

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