Entidade que usa ayahuasca em rituais faz defesa de ministro da Justiça
Em nota publicada nesta sexta-feira (1º) no jornal "Folha de S.Paulo", a União do Vegetal (UDV) defendeu o atual ministro da Justiça e ex-membro da entidade, Eugênio Aragão, do que definiu como associações “depreciativas” à religião. Ao ser empossado no cargo, o ministro recebeu críticas por sua ligação com a UDV, que faz uso do chá alucinógeno ayahuasca em seus rituais. Nas redes sociais, suas declarações polêmicas foram associadas ao uso do chá.
Segundo a instituição, Aragão se desligou da UDV por motivos pessoais em 2006 e, enquanto sócio, “mostrou-se pessoa cordata, responsável e prestativa, não havendo nada em nossos registros que possa desabonar sua conduta”.
A UDV também esclarece que possui hoje 217 núcleos no Brasil e nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Suíça, Itália, Holanda e Austrália, com cerca de 20 mil sócios. “Em todos esses países, assim como no Brasil, obteve registro legal e funciona observando as leis do país, sem que, em seu histórico, haja causado qualquer dano à ordem pública”, afirma o comunicado.
A entidade também refuta a pecha de “droga alucinógena” atribuída ao chá, cujo uso é autorizado no Brasil para fins religiosos. Segundo a UDV, a ayahuasca “não causa dependência e não há registro de danos à saúde física e mental, como tem sido demonstrado e comprovado por pesquisas científicas que embasaram, perante as autoridades, a autorização de seu uso religioso”.
O ministro, que chegou a fazer parte da diretoria da instituição, disse que deixou de frequentar o centro há dez anos, por falta de tempo e porque sua mulher, católica, não concordava com a prática.
“Eu fui. Uma vez que você é, você é. Mas eu não uso mais. Fui praticante, sócio da União do Vegetal, que é uma instituição séria, que há dois anos recebeu homenagem, pelos seus 50 anos, da Câmara dos Deputados”, afirmou ao jornal.
Subprocurador-geral da República, Aragão entrou no lugar do procurador Wellington César Lima e Silva, que deixou a pasta depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu anular a sua indicação com base em ação movida por partidos de oposição. Eles alegaram que um membro do Ministério Público não poderia assumir cargos no Executivo. O STF tem jurisprudência sobre o assunto desde 2007.
Desde que chegou ao cargo, Aragão tem dado declarações polêmicas, como a que prometeu mais supervisão sobre a Polícia Federal, em especial com relação aos vazamentos. A oposição chegou a apresentar um mandado de segurança ao Superior Tribunal de Justiça para tentar impedir que o ministro promova alterações na Polícia Federal por causa de eventuais vazamentos de informações.
"Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova. A Polícia Federal está sob nossa supervisão", afirmou Aragão.
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