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Impeachment não vai mudar processo contra Cunha, diz presidente do conselho

Líder do PT diz que comissão é vingança de Cunha

Band News

Do UOL, em São Paulo

14/04/2016 11h01

O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), cobrou nesta quinta-feira (14) velocidade no processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Araújo afirmou que o processo manterá seus rumos, independentemente da votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, a ser votado no domingo (17) pelos deputados federais.

"O processo que correu [de impeachment contra Dilma] chegou muito depois do nosso [contra Cunha] e está em via de conclusão no dia de domingo. E, seja qual for o resultado, não vai mudar a vontade, não vai mudar este conselho. Este conselho vai continuar trabalhando”, afirmou Araújo durante a reunião do conselho.

Em seu discurso de abertura da reunião, Araújo criticou as manobras realizadas por aliados de Cunha para retardar o processo de cassação do peemedebista.

"O Conselho de Ética fica à mercê da boa vontade do presidente desta casa”, disse Araújo. "Todos os empecilhos possíveis e imagináveis foram feitos, e a imprensa é testemunha disso. Os deputados são testemunha disso. É lamentável que isso aconteça, que este Conselho tenha sido obrigado a trabalhar desta forma", acrescentou. "Vamos chegar ao fim desta batalha.”

Acordo entre Temer e Cunha

Segundo informação divulgada pela colunista da "Folha de S.Paulo" Mônica Bergamo em 29 de março, o vice-presidente da república, Michel Temer, e Cunha estariam alinhavando um acordo para que o presidente da Câmara escape da cassação caso Temer assuma a Presidência da República.

Neste caso, Cunha renunciaria à presidência da Câmara, de forma a se livrar do processo, sob justificativa de que o governo Temer precisaria articular nova maioria no parlamento. Desta forma, o presidente da Câmara seria suspenso pelo conselho de ética da casa, mas manteria o cargo e o foro privilegiado.

O acordo só será possível, entretanto, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) recuse o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). Esta, por sua vez, defende que Cunha seja afastado do cargo.

Primeiro relator deixou conselho

Ontem, o primeiro relator do processo de cassação de Cunha, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), anunciou sua renúncia à vaga no Conselho de Ética. Pinato alegou não se sentir à vontade na vaga, que cabe ao PRB. O deputado foi substituído no grupo por Tia Eron (PRB-BA).

O processo de cassação de Eduardo Cunha está em fase de recolhimento de provas. Em seguida, o relator Marcos Rogério (DEM-RO) elaborará um novo parecer. Para o presidente do Conselho, o processo deve ir até o final, independente de manobras de Cunha.

“Eu sou o presidente do Conselho pela terceira vez. Nunca passei situação semelhante”, afirmou José Carlos Araújo. “Pressão não me mete medo. Nós vamos concluir o trabalho, aconteça o que acontecer”, emendou.