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Grupos pró-Dilma vão às ruas, e oposicionistas guardam forças para domingo

Do UOL, em São Paulo

15/04/2016 22h43

Grupos que defendem a continuação do mandato da presidente Dilma Rousseff se organizaram em mais Estados e em maior número do que seus opositores, nesta sexta-feira (15), a dois dias da votação sobre a admissibilidade do processo de impeachment contra a mandatária, no plenário da Câmara dos Deputados.

Houve mobilizações pró-Dilma em 17 Estados e no Distrito Federal. Os protestos contra a presidente se concentraram em São Paulo, na avenida Paulista, e em Brasília, em frente ao Congresso Nacional.

Brasília ainda registrou atos neutros, que pediam “diálogo” entre os adversários políticos e se opunham à instalação do “muro da vergonha”, erguido próximo à Esplanada dos Ministérios pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que teme confrontos entre as partes antagônicas no domingo (15).

 

Atos pró-Dilma

Integrantes de movimentos sociais, como o MST, e sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) bloquearam desde a manhã desta sexta-feira (15) algumas das principais rodovias do país contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Além disso, também realizaram atos e caminhadas.

As mobilizações ocorreram no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Pará, Bahia, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Piauí, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.

Especificamente no caso do MST, os protestos em defesa da democracia se juntaram à lembrança dos 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), que aconteceu no dia 17 de abril de 1996 e decorreu na morte de 19 sem-terra.

Falando para militantes em Brasília, onde os sem-terra montaram acampamento para acompanhar a votação na Câmara, João Pedro Stédile, líder nacional do MST, disse que a suspensão do mandato de Dilma é um golpe contra a democracia e favorece a subtração de direitos trabalhistas: "Eles [oposicionistas] precisam cortar os direitos dos trabalhadores, e para isso o governo Dilma é um empecilho".

Foram registrados bloqueios na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo e Rio de Janeiro, na altura de Piraí (RJ), no sentido SP, por um grupo de sem-terra; na Washington Luís (SP-310), no interior paulista, na altura de São Carlos (SP), organizado por estudantes; e na Imigrantes, ligação de SP com a Baixada Santista, na altura do km 16, por movimentos sociais.

Em Minas Gerais, houve interdições das rodovias BR-050, em Uberlândia; e BR-116, em Governador Valadares. Em Belo Horizonte, protesto uniu cerca de 200 estudantes, professores e técnicos administrativos na sede da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), no gramado em frente à reitoria da universidade, no campus Pampulha. O ato foi convocado pelo Sindifes (Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino Superior).

No Rio Grande do Sul, protesto de sindicalistas e petistas em Porto Alegre chegou a fechar a ponte do Guaíba no sentido interior-capital e seguiu rumo à praça da Matriz, no centro histórico.

No Paraná, manifestantes contrários ao impeachment ocuparam pela manhã a BR-277, em Curitiba, sentido Campo Largo. Houve caminhada de estudantes pela democracia em Foz do Iguaçu.

Em Pernambuco, houve bloqueios das rodovias BR-232, BR-408, BR-316, BR-408, BR-104 e BR-101, abrangendo os municípios de São Caetano, Arcoverde, Toritama, Moreno, Paudalho, Águas Belas, Petrolândia, Bonança e Goiana, comandados por integrantes do MST.

Na cidade de São Paulo, manifestantes bloquearam também faixas da marginal Tietê, na altura da ponte das Bandeiras; da avenida do Estado; do cruzamento das tradicionais ruas Ipiranga e São João, no centro; e de vias na zona sul da cidade. Os atos geraram recorde de trânsito pela manhã.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o índice recorde de congestionamento se deu às 9h, com 183 km de vias com lentidão, superando os 177 km de congestionamento em 11 de março, quando houve chuvas e alagamentos na capital paulista.

Ainda na capital paulista, no começo da noite, torcidas organizadas do Corinthians, como a Gaviões da Fiel, juntaram-se no Anhangabaú. Apesar de o foco do protesto ser contra a medida de torcida única em clássicos no Estado, os manifestantes gritaram palavras de ordem em defesa da presidente Dilma Rousseff.

Na cidade do Rio de Janeiro, ao menos 100 pessoas protestaram na tarde desta sexta-feira (15), em frente ao prédio da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), no centro da capital fluminense. O ato foi puxado pela Frente Brasil Popular, contra o afastamento de Dilma.

Grupos pró-impeachment juntam forças para domingo

Os manifestantes pró-impeachment juntam forças para os protestos no domingo (17), programados para acontecer no DF e em diversas capitais. Líderes de movimentos que estão acampados em Brasília convocam seus seguidores nas redes sociais para irem à capital federal.

Nesta sexta-feira (15), um grupo pequeno se reuniu em frente ao Congresso Nacional com instrumentos de percussão, no espaço do "muro da vergonha" reservado aos protestos contra Dilma Rousseff. No ato, fizeram samba e pediram o fim do governo da petista.

Segundo Carla Zambelli, uma das representantes do grupo “nasruas”, ao menos 80 ônibus com manifestantes anti-Dilma chegaram hoje à capital federal. Carla está hospedada no Royal Tulip, mesmo hotel em que o presidente Lula recebe políticos para discutir o processo de impeachment. Ela relatou que hoje foi um dia atípico para o movimento, já que vários manifestantes ainda estão a caminho de Brasília. A partir de amanhã, eles preparam um telão para exibir a discussão na Câmara e também carros de som para movimentar os protestos.

Em São Paulo, manifestantes que estão acampados em frente à Fiesp há um mês bloquearam algumas faixas da avenida Paulista com barracas. Houve também um “buzinaço” em frente ao Masp em substituição ao “panelaço” que estava previsto para o horário do discurso de Dilma em rede nacional, que foi cancelado.

Renata Lutti, que está envolvida na organização de protestos em São Paulo e chegou a dar apoio ao acampamento da Fiesp, declarou que o protesto “perdeu a força com o cancelamento de Dilma” e o buzinaço reuniu cerca de 30 pessoas. O grupo, contudo, pretende repetir a ação amanhã, às 18h30, e espera milhares de pessoas na avenida Paulista no domingo (17).