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Nem Dilma, nem Temer: o que disseram os deputados que se abstiveram na votação

Do UOL, em Brasília

17/04/2016 23h49Atualizada em 17/04/2016 23h58

Durante a votação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados neste domingo (17), sete deputados não votaram nem sim, nem não. Eles se abstiveram. Na prática, os votos de abstenção favorecem o governo, mas não ajudaram a impedir que o processo de impeachment avançasse. O processo foi aprovado por 367 votos a favor, 137 contrários, 7 abstenções e 2 ausências.

Os deputados que se abstiveram foram Pompeo de Mattos (PDT-RS), Gorete Pereira (PR-CE), Vinicius Gurgel (PR-AP), Beto Salame (PP-PA), Cacá Leão (PP-BA), Mario Negromonte Jr (PP-BA) e Sebastião Oliveira (PR-PE).

Em suas justificativas, os parlamentares afirmaram que não querem nem Dilma nem Temer no poder e sugerem novas eleições.

"Não adianta trocar seis por meia dúzia. Posicionei-me dessa forma por não concordar com a maneira que esse processo foi conduzido. Não vamos construir uma solução para o país apenas dentro do Congresso Nacional. Não será com acordos que encontraremos a saída para a gravidade da crise", declarou o deputado Vinícius Gurgel, que postou a justificativa nas redes sociais. Ele também defendeu que sejam realizadas novas eleições presidenciais.

O deputado Pompeo de Matos, o primeiro a optar pela abstenção, também pede novo pleito. "Nem Dilma, nem Temer, nem Cunha. Eu quero eleições limpas e honestas para limpar mais que a sujeira, limpar a alma do país. Cumpro decisão do meu partido: não posso votar a favor, mas não voto contra. Eu voto pela abstenção, contra a corrupção."

Gorete Pereira pediu novas eleições. "Pela Constituição brasileira, contra a corrupção do meu país e também respeitando a diminuição das desigualdades sociais e também querendo uma eleição nova para este Brasil, eu tenho que me abster. Eu não posso acreditar nem em uma chapa nem na outra. Eu me abstenho", disse.

O PP foi o partido com o maior número de abstenções -- três. O partido foi um dos que deixaram a base aliada do governo Dilma na última semana. Beto Salame afirmou que se absteve por causa de seu partido. "Todos do Pará sabem da minha lealdade e da minha posição contrária ao impeachment. No entanto, em respeito à posição do meu PP, do meu partido, eu me abstenho"

Cacá Leão (PP-BA), que era considerado um dos deputados indecisos, seguiu a mesma justificativa de Beto Salame. Segundo o parlamentar, ele não pode ficar "marcado pela traição" ao partido, que fechou questão pró-impeachment.

Mário Negromonte Jr. (PP-BA), ao votar pela abstenção, disse que ele disse infelizmente "não pode votar como o coração manda". Ele dedicou o voto à Bahia e também citou a orientação do partido. 

Ausentes

Dos 513 deputados, 511 estiveram presentes à sessão deste domingo. Faltaram apenas Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). A deputada pediu licença por estar na 35ª semana de gravidez e Gomes operou a coluna recentemente e também está em licença médica.

Nos bastidores, o governo previa que o total de ausentes e abstenções fosse maior. Ainda na manhã deste domingo, horas antes do início da votação, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a "Folha de S.Paulo", entraram em contato com governadores e vice-governadores do país para que aumentem a pressão sobre suas bancadas federais.

Eram necessários 342 votos para que o impeachment fosse aprovado no plenário da Câmara, e o governo precisava de 172 votos contrários e/ou abstenções e faltas.