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PT cometeu erros e está pagando caro por isso, diz senadora petista

Ricardo Marchesan

Do UOL, em Brasília

05/05/2016 21h24Atualizada em 06/05/2016 10h42

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que seu partido cometeu erros e está pagando caro por eles politicamente.

A petista afirmou que os membros do PT que se envolveram em corrupção não o fizeram para enriquecimento ilícito, mas por questões de financiamento de campanha eleitoral. Para ela, é preciso fazer essa diferença, ainda que os erros devam ser reconhecidos.
 
"Todos do PT que foram de certa forma denunciados, ou inquéritos abertos, ou mesmo que estão presos, o estão não por desvio de recurso para contas particulares na Suíça, não por desvio de recursos para compra de bens, não por desvio de recursos para propina para distribuir dinheiro. Todos estão envolvidos com processo eleitoral", afirmou em entrevista ao UOL.

"Eu acho que essa separação é importante fazer. Não estou dizendo que nós não temos erros, que nós não temos que pagar por eles. E acho que estamos pagando caro. Tanto do ponto de vista penal, criminal, e vamos pagar do ponto de vista político, já estamos pagando. Mas é importante fazer essa diferença", disse.

Atualmente, há um inquérito aberto contra Gleisi Hoffmann no STF (Supremo Tribunal Federal), relacionado às investigações da Operação Lava Jato. A senadora nega qualquer irregularidade,

Para a senadora, o PT deve fazer uma autocrítica por não ter trabalhado por uma reforma política, nem ter questionado o sistema de financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Em setembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu ser inconstitucional o financiamento de empresas para campanhas eleitorias e partidos.  

A senadora também comentou o pedido de abertura de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) por suspeita de obstrução da Lava Jato. A linha de investigação leva em consideração a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).

"Acho que o Supremo está fazendo o que está fazendo com todo mundo. Chegou uma delação lá, abre um inquérito para investigar. É uma oportunidade inclusive que o presidente vai ter, que a presidenta também, de mostrar que não tem razão essas denúncias do Delcídio na delação premiada", disse Hoffmann.

Ela considera a delação feita por Delcídio como "frágil" porque ele é um "criminoso confesso", e que o senador terá de provar o que diz.

Sobre a suspensão do mandato do do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidido por unanimidade pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) na quinta-feira (5), a senadora acredita que essa decisão pode influenciar a votação do impeachment no Senado.

"Eu acredito que possa ter inclusive uma mudança maior da opinião pública em relação a isso. Isso acaba refletindo na casa. Não sei se dá tempo,mas de fato é algo novo que aconteceu e que mexe com a conjuntura", afirmou.