"É um dos momentos mais tristes da democracia brasileira", diz Cardozo
Após atuar na defesa da presidente Dilma Rousseff em todas as fases até do processo de impeachment, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que o afastamento de Dilma pelo Senado é “um dos momentos mais tristes da democracia brasileira”.
Cardozo reafirmou nesta quinta-feira (12) aos senadores que a presidente não cometeu crimes de responsabilidade e que, por isso, o processo de impeachment equivale a um golpe de Estado.
“Acredito que [o impeachment] será registrado como uma ruptura institucional com uma Constituição que lutamos tanto para ter. A história registrará como um dos momentos mais tristes da democracia brasileira. Um momento em que a democracia foi golpeada”, disse, em rápida entrevista após a votação no Senado que aprovou a abertura do processo por 55 votos a 22.
O ministro disse que vai continuar atuando na defesa da presidente no Senado, mesmo após sua destituição da AGU, dada como certa no governo Temer. “Espero que a verdade venha à tona. As acusações não procedem. Todos sabem disso. No entanto, foi uma decisão política, tomada à revelia da Constituição”, disse.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou ser possível Dilma conseguir barrar sua condenação definitiva pelo Senado, para a qual são necessários 54 votos.
“Se o governo Temer for de crise e tiver problemas de rejeição, de popularidade, isso aqui pode virar”, disse.
“Tem muitos senadores que disseram estar votando na admissibilidade. E a gente sabe que se muda a opinião pública, muda o voto do senador também”, afirmou Lindbergh.
Comissão e STF
O presidente da comissão do impeachment no Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB), afirmou que os líderes dos partidos e os membros da comissão se reúnem na tarde desta sexta-feira (13) com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, para definir o rito da próxima fase do processo no Senado.
Como presidente do Supremo, cabe a Lewandowski decidir sobre recursos de senadores nesta fase do processo e também presidir a última sessão de julgamento, quando o Senado vota pela condenação ou absolvição da presidente.
Lira afirmou que, neste momento, não é possível prever quanto tempo vai durar o processo. Dilma fica afastada até o fim do processo, ou por um período máximo de 180 dias.
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